Se Satoshi Nakamoto estiver vivo, ele deve sentir muita vontade de cortar os pulsos ao ver sua criação sendo usado pelas mesmas instituições que ele buscou eliminar ao criar o Bitcoin.
Conceito do Bitcoin
Em seu whitepaper, Bitcoin: A Peer-To-Peer Electronic Cash System, Satoshi propõe um sistema eletrônico descentralizado, onde as pessoas possam realizar pagamentos e transferências a partir de qualquer lugar do mundo, sem controle estatal, sem controle central, com uma moeda deflacionária, de forma anônima, que seja publicamente auditável, mas sem conter dados pessoais de ninguém ou de sua origem. Portanto, uma moeda que nenhum país do mundo possa controlar. Esse conceito cyber punk de independência do estado ganhou muita força nos anos 70, Inclusive, uma boa recomendação: leia os livros de George Orwell, como “A Revolução dos Bichos” e “1984”. Com a evolução tecnológica da Internet nasceu, então, a possibilidade real de criar uma moeda 100% digital e descentralizada.
O que começou com um movimento tímido, em clubes fechados de programadores e entusiastas, hoje é realidade no mundo, ao ponto do filho da presidente do Banco Central Europeu possuir ativos digitais, algo inimaginável há alguns anos. E, por mais que os banqueiros se esforcem para tentar vender a ideia de que as criptomoedas não possuem valor algum, no meu ponto de vista as criptos têm o mesmo valor que as moedas FIAT, já que tudo gira na base da confiança. A única diferença é que as moedas FIAT não pertencem ao portador: moedas como o Real e o Dólar são do estado que os emitem e esse estado tem o poder de emitir, recolher, ou se apropriar dele assim que quiser, como aconteceu no Brasil em 1990, no governo Collor. Eu não sou economista mas, até onde meu conhecimento vai, o dinheiro que aparece no saldo do banco é uma espécie de “contrato” com a pessoa física, com o valor devido pela instituição, porém a forma de liquidar essa “dívida” que o banco tem com todos os clientes fica a critério do próprio banco. Por isso existe limite de saque, limite de transferência, até o PIX, que parecia ser uma alternativa para o controle dos bancos, acabou sofrendo alterações, muito provavelmente por lobby, para ter limite nas transações. Em resumo, O SEU DINHEIRO NÃO É SEU.
Por mais que possa parecer repetitivo, e provavelmente você já saiba, NINGUÉM PODE CONFISCAR SEUS BITCOINS. Nenhum Estado pode manipular a Blockchain, nenhum juiz pode te obrigar a entregar suas carteiras. A tecnologia de Blockchain e criptomoedas é tão complexa e inovadora que a maioria dos países não sabe nem como classificar o ativo. Eu nem vou prolongar o assunto falando da Receita Federal “Hue” BR, por que até agora foi um banho de gafes para tentar enquadrar o Bitcoin em alíquotas malucas. Conversar com advogados e contadores sobre o tema é realmente engraçado.
Central Bank Digital Currency – CBDC (Moeda Digital do Banco Central)
“Caramba, que ideia maravilhosa! Vamos digitalizar a moeda, utilizando justamente as mesmas tecnologias de Blockchain do Bitcoin. Assim teremos o controle de todas as transações, poderemos fiscalizar qualquer tentativa de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e cobrar os impostos direto nas transações, além de acabar com o anonimato da rede, vinculando todas as transções ao CPF ou CNPJ… Por que não pensamos nisso antes?” (Se não ficou claro, contém ironia.)
Desculpa, mas se você ainda acredita na bondade no coração do Estado, para criar uma sociedade mais justa, para amparar os mais necessitados, eu tenho muita pena de você. O Brasil funciona na base da politicagem, lobby, favores, corrupção e “amigos do Rei”, aceita que dói menos. Tudo que vem para regulamentar alguma coisa favorece os interesses de alguém, seja para gerar mais cobranças de impostos para pagar a conta de um estado inchado que gasta muito dinheiro, seja para dar benefícios surreais para uma “casta” privilegiada que, inclusive, pode aumentar o próprio salário.
Por sorte, vem acontecendo um movimento há algum tempo de “educação financeira”, que vem abrindo os olhos de muitas pessoas para realidade. Agora, não se engane, muitos desses “gurus das finanças” tem o rabo preso com instituições financeiras que mandam no Brasil e tentam influenciar você, “inocente”, a colocar seu dinheiro em “investimentos” medíocres, que vão ser usados para gerar lucros absurdos aos bancos. “Ah, mas o Brasil tem a CVM para nos proteger de especuladores e piramideiros…”
Para finalizar vou deixar um trecho da série O Mecanismo. Inclusive é uma série muito bacana, recomendo: