No meu post recente sobre Ethereum 2.0 eu citei alguns motivos pelo qual não confio muito em Proof of Stake. Vou deixar linkada aqui a postagem como recomendação de leitura:

Consenso das Redes

Quando falamos em rede descentralizada estamos falando de Nodes independentes, que validam e consolidam dados na Blockchain, mas esse processo ocorre de forma local primeiro e, somente depois, vai sendo replicado pelo restante da rede. Quando um bloco gera forks no Proof of Work, o problema é resolvido no próximo bloco, elegendo o maior como correto e reprocessando as transações da ramificação que será descartada pela rede. Até hoje o Bitcoin gerou apenas 2 níveis de ramificações. Já o Ethereum 2.0 usando Proof Of Stake em uma rede secundária de teste, chegou a gerar 7. Quanto mais níveis, mais difícil é para a rede voltar ao consenso. O que pode acontecer nesse momento é a rede se dividir em duas, onde parte dos Nodes entende uma sequência de validações como correta enquanto outra parte consolida dados em uma segunda sequência, chegando ao ponto de ser necessário “desligar” a rede. Ué, mas a rede não é descentralizada? Como “desligar” a rede? Um fato que todo mundo desconhece ou negligencia é que as redes possuem um Node “mestre”. No caso do Ethereum, os Full Nodes principais pertencem ao nosso querido Vitalik Buterin. Ele tem o poder de desligar a rede, caso ele precise, mas não o faz pelo simples fato de que isso iria abalar a confiança na rede e, consequentemente, na moeda.

Foi exatamente isso que aconteceu com a rede Solana. Um fork dividiu a rede, consequentemente começaram a existir duas ramificações de dados e a rede perdeu consenso. Para “corrigir” o problema, desligaram o Full Node principal, responsável pela criação dos blocos. Eu não cheguei a olhar tecnicamente qual foi a solução executada pela equipe da Solana, mas acredito que tenham decidido pela consolidação de uma dos ramos e feito um broadcast na rede para atualizar os registros de Blockchain seguindo esta ramificação informada pelo Full Node principal. Sendo assim, a “porra” da rede de descentralizada não tem nada, já que existe uma forma de desligar e reorganizar a rede quando necessário.

Solana

Falando um pouco sobre o projeto Solana, a proposta descrita no Whitepaper do projeto grosso modo vai em uma diração oposta ao Bitcoin, no sentido de trocar segurança por performance. A rede Solana se propôs a criar uma forma de processar grandes quantidades de transações e, para isso, optou pelo uso de uma técnica que deram o nome de Proof of History, que nada mais e do que um PoS disfarçado que seleciona de forma aleatório um Node validador por um período pré determinado, na prática, validar por Nodes de autoridade é muito mais rápido do que esperar uma prova de trabalho. Mas existe um motivo muito óbvio para o Bitcoin ser Proof Of Work: nenhum governo do mundo consegue ter monopólio da mineração, já que o consumo de energia e manutenção de milhares de equipamentos de mineração poderia prejudicar a infraestrutura do país (como há relatos de problemas na Mongólia após a migração em massa de mineradores, depois que o governo Chinês resolveu proibir a atividade). Já no modelo PoS, como citei, controlar a rede é uma questão monetária de comprar a maior parte da moeda em circulação.

Honestamente, não acredito em PoS muito menos no Proof of History, por isso nunca tive Solana e jamais desenvolveria serviços derivados desse tipo de rede. Garantir a segurança e a efetiva descentralização são fatores que levo muito a sério. Mesmo que o Ethereum tenha problemas similares, ainda se mantem em PoW mostra o mínimo de bom senso em relação aos problemas que podem ocorrer com um algoritmo de PoS criando forks de 7 níveis. Particularmente acredito que vai ser o mesmo destino do ETH 2.0, caso ele venha de fato a virar uma realidade, ainda acho que algum projeto vai ser gerado em Hard Fork e, se isso de fato acontecer, obviamente a migração vai ser imediata.

Sabendo dos riscos, por que criar o ETH 2.0?

Vamos sair do aspecto técnico e pensar de maneira lógica: quem se beneficia dessa migração, em que passa a validar transações quem tem mais Nodes Validadores que, por sua vez, são carteiras com uma determinada quantidade de moedas? Quem tem posse de uma grande quantidade de moedas! Esses vão ser os maiores beneficiados, já que vão rentabilizar suas moedas gerando mais moedas, como uma espécie de poupança bem gordinha. E quem é um dos maiores portadores de Ether do mundo? Isso mesmo, o menino Vitalik que, em 2021, tinha mais ou menos US$1Bi em Ether.

Aí fica difícil acreditar que essa mudança é para salvar o mundo da poluição causada pelo carvão usado na geração de energia para as mineradoras de criptoativos e blá blá blá, que é o discurso utilizado por Vitalik para defender a mudança da rede.