Eu já contei parte dessa história aqui antes, mas agora vou dar um pouco mais de ênfase na história do Vigia de Preço, como começou, os perrengues de montar uma empresa, como terminou, e o que veio a seguir. O post original eu deixo no final.

Quando eu era criança, no começo dos anos 2000, ganhei meu primeiro computador, um Pentium 166, e logo de cara eu comecei a gostar daquele negócio. Uns amigos do bairro me ensinaram a como entrar na “tal” da internet, com um modem discado de 56Kbps, super rudimentar. O buscador da época era o Cadê?, não tinha Google, a gente usava o mIRC para poder baixar os Pokémon ROMs. Eu lembro até hoje, o primeiro vídeo que eu baixei foi o clipe do Linkin Park – In the end, demorou umas duas semanas para conseguir baixar ele inteiro. Nessa época a internet estava bem no começo, não tinha documentação de nada, mas eu comecei a me interessar por programação de sites, eu queria fazer um site de Dragon Ball. Eu fiquei alucinado tentando fazer aquele negócio, comecei a fazer um monte de cursos e isso levou à minha primeira oportunidade de emprego da época, que foi numa empresa que, na época, fazia sistemas em Delphi, então as primeiras linguagens de programação que eu aprendi de fato foram Pascal e Delphi. Logo em seguida, lá pra 2008/2009, eu entrei pra uma empresa que, hoje, é a PicPay, são os mesmos fundadores pelo menos e, naquela época, os caras tinham um projeto chamado “Vigia de Preço”. Eu tinha meus 18 pra 19 anos na época e fiquei responsável por fazer um comparador de preço no Brasil. Na época o Buscapé já existia, mas era bem rudimentar perto do que os caras queriam, que era fazer um comparador de preços 100% automatizado, e eu, no “auge” de sabedoria dos 18 anos, achei que era capaz de fazer aquilo ali, porque eu era um “excelente programador”, pelo menos na minha cabeça. Eu topei o desafio, fiquei uns 6 meses virando madrugada, que nem doido, tentando reproduzir um site chamado PriceSpider, que eu nem sei de existe mais [existe sim]. Naquela época tudo era muito caro, manter infraestrutura de servidor, desenvolver software e, por fim, o projeto acabou sendo abandonado e eu, consequentemente, sai da Global B2C, que era o nome da empresa.

Nesse período eu não queria mais saber desse negócio, fiquei muito chateado pelo projeto ter sido cancelado, os caras não queriam fazer o investimento que precisava, mas eu fui tocar minha vida. Voltei pra faculdade, que eu tinha parado, e fui pro centro de inovação da Microsoft na FAESA, se não me engano era 2009. Depois de alguns anos, lá pra 2012, eu voltei a pensar no projeto do Vigia de Preço, especificamente na parte de Web Crawler, que era uma parte que eu gostava muito, de pegar dados da internet e fazer um banco de dados. Eu resolvi estudar uma tecnologia nova, na época eu li um artigo do Fábio Akita, no Akitando, dele fazendo uma comparação entre tecnologias e tinha lá o NodeJS na versão 0.1, bem no comecinho, eu não conhecia ele na época, mas resolvi que queria testar aquele negócio. Refiz todo o código de Web Crawler que eu tinha criado até então e comecei a ter resultados excelentes depois de alguns meses. Eu tinha acabado de sair de uma agência que não pagou minha rescisão trabalhista, então eu coloquei a empresa na justiça, ganhei a ação, fiquei um tempo no seguro desemprego e, nesse tempo, resolvi fazer uma coisa que poderia se tornar um produto comercial no futuro, e eu investi mais ou menos 3 meses da minha vida fazendo esse Web Crawler.

Quando o projeto já estava mais maduro, eu postei no Facebook, se não me engano, um amigo viu e falou de uma empresa que fazia exatamente a mesma coisa, que já tinha um projeto bacana, que estava recendo investimento e estava em aceleração e me sugeriu ir conversar com os caras. Eu conversei com eles e acabei sendo convidado para ser sócio se eu me tornasse CTO, na época eu não tinha a mínima ideia se eu tinha capacidade para ser CTO, eu nem sabia o que era ser CTO, mas eu topei. Essa empresa é a “Baixou”, eu comecei lá em 2012/2013, mas essa história acabou depois de 1 ano o pouquinho com uma briga entre eu e os sócios e a aceleradora. Eu acabei saindo da empresa com uma mão na frente e outra atrás e toda a tecnologia que eu tinha criado lá dentro ficou pros caras. Na época eu até pensei em processar, mas era uma dor de cabeça do caramba e eu acabei deixando de lado. Eu fiquei totalmente desanimado com a área de programação, mas era a única coisa que eu sabia fazer, eu sabia programar e só, nunca tinha tido experiência com mais nada, eu fiquei mais ou menos 1 ano depressivo, 2014 ali, não trabalhei, não fiz nada. Eu dediquei muito esforço dentro do Baixou pra poder fazer as coisas acontecerem.

Em 2015 eu acabei pegando o pouco dinheiro que restava, na verdade o dinheiro nem era meu, era da minha mãe, e abri um Pub estilizado, medieval, em Vila Velha. Depois de 1 ano desse bar, eu saí com uma dívida de 200 mil Reais. Isso mesmo, saí com uma dívida absurda, devendo a um monte de bancos, cheques sem fundo, uma porrada de coisas. No começo o bar teve um relativo sucesso, depois o negócio acabou caindo de uma forma que absurda. Eu não tinha onde morar, fui morar na garagem da casa da minha avó, não tinha dinheiro pra nada, eu estava no fundo do poço.

Na época eu estava pensando em pegar o pouco dinheiro que me restava e ir pros EUA tentar a vida lá. Até que um amigo virou pra mim e falou, “André, isso aí é o que você fez a sua vida inteira, desde 2008 você faz esse negócio de Web Crawler, volta a fazer isso, independente de onde você esteja, pode estar no Brasil ou fora, você consegue exercer o que você sabe fazer de melhor, que é programar, então não acredito que precise você ir pra lá pra poder fazer alguma coisa legal”. E eu, na época, achei interessante a colocação dele, e eu fui pensar no que eu realmente sabia fazer: programar e comparação de preço. Era no que eu tinha mais experiência, eu tinha trabalhado em várias outras empresas, mas nada que pudesse resolver o meu problema, eu tinha o problema de pagar 200 mil Reais e eu não sabia de onde tirar esse dinheiro. Montei um piloto de um comparador de preços um pouco diferente do que tinha no mercado, o Buscapé e o Zoom eram muito diferentes da proposta que eu tinha no começo, eu queria um negócio mais limpo, e aí eu comecei a criar o que foi a base dessa empresa, que, na época, nem se chamava Vigia de Preço.

A empresa começou, na época, como uma empresa de prestação de serviços. A minha ideia era “eu não tenho dinheiro, então eu preciso arrumar quem já tenha audiência para poder fazer esse negócio dar certo”. No começo a minha ideia era trabalhar no B2B, não era trabalhar fazendo um produto público, pra pessoas, era trabalhar para criar uma solução para empresas, fazer um serviço de pricing. Na época eu tive uma call com o diretor de uma grande varejista, ele falou “cara, esse negócio de precificação dinâmica dá um puta problema interno, esquece esse negócio, vai tentar outra coisa”. E eu comecei a fazer o que veio a se tornar o Vigia de Preço.

Olha só como são as coisas, como é que o universo começa a fazer umas conexões muito loucas e uma coisa vai puxando a outra. Eu fui convidado para ir num evento em São Paulo, eu peguei um ônibus em Vitória, sem dinheiro nenhum, pedi dinheiro emprestado pra minha mãe e pro meu padrasto, tomei banho na rodoviária, fui pro evento. Lá, nesse evento, tinha um monte de diretores de e-commerce, tinha uma porrada de gente, e tinha um cara que me reconheceu, não sei como, de quando eu trabalhava lá no Baixou. Eu falei que tive problemas lá e estava montando uma nova empresa, e ele falou que queria que eu criasse pra ele uma extensão de navegador. Beleza, ficamos de conversar melhor, pegamos contato, esqueci… Algum tempo depois, eu tava precisando de grana, então resolvi chamar o cara pra ver se virava alguma coisa. Ele ficou super feliz que eu entrei em contato, me chamou no Skype na mesma hora, perguntei no esquema da extensão e ele falou que tinha uma grana, que ele ia pagar um cara russo pra fazer a extensão, mas, como eu já tinha experiência, ele preferiu pagar pra mim. E aí eu dei o que acredito ser o primeiro passo de empreendedor de verdade, eu falei pra ele em vez de me pagar, era coisa de 2 mil dólares, colocar em investimento para atrair usuários e 50% do que viesse de receita da extensão ficaria pra mim. Ele já tinha uma marca de cupons consolidada, então a gente resolveu lançar a extensão com a mesma marca. Fechamos um contrato verbal, eu não tinha empresa, não tinha jurídico, não tinha nada, era um contrato 100% na base da confiança. Em 3 semanas já tinha um piloto funcionando, subi a aplicação, foi aprovada, começou a rodar e ele começou  a colocar a grana lá pra comprar usuários, mas o retorno não vinha, o dinheiro não entrava. A gente tinha instalação, gente utilizando, mas não dava venda.

Depois de um tempo eu falei “cara, vamos fazer o seguinte, você tem o pessoal do Tecnoblog como parceiro, eles têm uma audiência de gente que entende de tecnologia, provavelmente vai dar um engajamento legal”. E foi o que ele fez, me apresentou pro Thiago Mobilon, e o Tecnoblog foi o nosso primeiro parceiro comercial de fato, isso foi mais ou menos em 2016, e foi a primeira vez que a gente subiu a extensão do assistente de compras do Tecnoblog. Era uma extensão super simples, tinha um histórico de preços e tinha um negócio diferente, ela falava pro consumidor se o preço estava caro ou barato, fazendo uma média de todas as comparações, mas era bem rudimentar. Tinha poucas lojas na época, eu foquei em ter as 10 principais, e a gente começou a rodar. A Black Friday de 2016 foi a primeira vez que eu, de fato, ganhei algum dinheiro com esse negócio, e não foi nada absurdamente foda, a gente deve ter feito uns 30 mil Reais em vendas nessa época, no meu bolso veio parar uns 10 mil para dividir com o outro sócio, com os funcionário, e tal. Acabou sobrando nada, uma mixariazinha, mas, pra mim, naquela situação, devendo 200 mil Reais, não tinha dinheiro pra comprar nada, ganhar 3 mil Reais por uma parada que eu fiz com o meu esforço, foi o sentimento mais foda que eu tive, de falar “caralho, eu fiz um negócio que  deu certo, tem uma galera usando e gostando”.

Estava dando tudo certo com o Tecnoblog, então resolvemos tentar fazer com outras também. Eu peguei e comecei a ir em São Paulo, Rio de Janeiro, marcando reuniões com um monte de empresas, para tentar fechar parceria com alguém, era uma casadinha bacana, meu amigo tinha o site de cupons, eu tinha a extensão. A gente foi tentando, batendo um tudo que era porta, mas não fechamos nada, a gente foi em vários lugares, várias reuniões, passei uma semana em São Paulo, gastei o pouquinho de dinheiro que eu tinha, me estressei pra cacete com o meu sócio, mas o negócio não andava. Nesse vai e volta, eu conheci um cara no Rio de Janeiro e ele falou “André, você quer fazer o negócio dar certo mesmo? Estão vamos fazer o seguinte, vem pro Rio, eu te mando uma passagem pra você vir pro Rio, vou te apresentar pra uma porrada de gente aqui, você precisa entender como é que o mercado de varejo funciona, como um sistema de afiliados funciona na prática, você precisa conhecer pessoas, fazer relacionamentos, e você vai entender que a parte técnica do negócio é só 10% do problema”. Na época, eu não tinha nada a perder, já estava fudido, sem dinheiro, ele até me deu um esporro, “cara, você tentou do seu jeito até agora, não deu certo, então vamos tentar do meu jeito”.

Eu peguei minhas malas, fui pro Rio de Janeiro, colei no cara pra aprender tudo que eu podia, na época ele era um dos maiores afiliados do Brasil, fui aprendendo tudo que eu precisava pra poder fazer o negócio crescer. E foi nesse momento que o negócio começou de fato a andar. Eu comecei a fazer relacionamento com as pessoas, comecei a entender como o mercado funciona, comecei a fazer bons contratos comerciais, começamos a expandir, a gerar mais resultado, gerar fluxo de caixa. Ao longo desse processo, nos primeiros anos que eu fui pro Rio de Janeiro, de 2017 até 2019, basicamente foi pagando dívida que tinha ficado pra trás, os 200 mil que eu estava devendo. Nisso eu comecei a fazer consultoria para várias empresas. Basicamente eu estava vivendo de consultoria em quatro empresas, ganhava uma grana legal, pagava minhas contas, morava num quarto e sala perto do escritório e era isso. Não tinha luxo,  não tinha carro, não tinha nada, andava de Uber, no máximo trabalhava no sol, tomando um Starbucks e acabou. Estava num lugar bacana, morando na Barra da Tijuca, mas nada de muito luxo, nem nada do tipo.

Na época o meu sócio e co-fundador do Vigia de Preço, o Rodrigo de Azevedo, que foi um dos primeiros caras que eu conheci no Rio de Janeiro e ficamos muito amigos, e ele ficava o tempo todo “você é um cara bom, inteligente, você sabe o que está fazendo, vamos montar um negócio, vamos fazer o que esses caras estão fazendo, a gente sabe tudo que eles fazem, vamos fazer também”. E aí em algum momento eu tive essa consciência de falar “beleza, você está certo, vamos abrir uma empresa direito”, foi quando a gente abriu de fato um CNPJ e começou a se estruturar como empresa de fato. A empresa começou eu, a minha esposa, o Rodrigo e nosso primeiro funcionário, que é um designer, o Yan, na época não tinha nem escritório, depois que a gente foi conseguir alugar um espaço. Imagina conseguir alugar um escritório tendo uma porrada de dívidas, é dificílimo fazer isso, eu só consegui porque eu juntei um dinheiro e paguei um ano de aluguel adiantado pra poder ter o primeiro escritório. Olha só como as coisas são, eu fui a todos os bancos, nenhum queria abrir conta de PJ pra mim, porque eu tinha dívida. Uma gerente da Caixa Econômica falou pra mim “você é um péssimo negócio pro banco, se você quer abrir conta, você vai ter que fazer alguma coisa para gerar dinheiro pro banco, vai ter que fazer um seguro de vida.” Eu tive que pagar 8 mil Reais de seguro de vida na Caixa Econômica para ter a primeira conta PJ do Vigia de Preço. Isso tinha que ser ilegal o que os bancos fazem, eu estava tentando abrir uma empresa, tinha dívidas, estava tentando pagar essas dívidas, eu não conseguir pagar o DARF, os impostos começaram a acumular, fiquei seis meses sem conseguir pagar os impostos porque eu não tinha uma conta PJ, e você só consegue pagar o imposto se tiver a conta de PJ, não tem como pagar com conta de pessoa física.

Eu ainda tomei uma puta porrada no meio do caminho, porque um dos meus funcionários do bar abriu um processo trabalhista e eu nunca fui notificado, só fiquei sabendo quando a juíza mandou tirar todo o dinheiro da minha conta. Eu estava almoçando, não tinha dinheiro pra pagar a conta do restaurante, meu sócio teve que ir lá e pagar a conta pra mim, um absurdo. Tentei procurar um advogado, na época ele falou que era perda de tempo, que eu não ia consegui recuperar o dinheiro, era pra dar como perdido e pronto. Mas a gente começou a se estruturar como empresa de fato, ter um escritório e um CNPJ, e eu enfim consegui quitar todas as minhas dívidas em meados de 2018/2019. Mas por que o nome da empresa continuou sendo Vigia de Preço? É que, como a empresa originária desistiu do projeto, o domínio ficou público novamente, e aí eu fui e comprei o domínio “vigiadepreço.com.br” e mantive ele. Aí o Thiago Mobilon chegou pra mim e falou “André, acho que agora você já está mais estruturado, dá pra começar a procurar alguns parceiros maiores, e eu vou te apresentar pra uma pessoa”. E aí ele me levou pra conhecer quem? Felipe Neto. Na época ele era grande, mas não era tão absurdo quanto ele é hoje. Eu já tinha “conhecido” o Felipe na Black Friday de 2016 porque ele tinha feito uma chamada para a extensão do Tecnoblog, mas eu não tive nenhum contato depois disso. A proposta, na época, era fazer a extensão do Felipe Neto, só tinha a extensão na época, o Felipe virou e falou pra mim “cara, eu gostei da sua tecnologia, acho bacana o que você está fazendo, quero ser seu sócio”. CARALHO, olha só, nunca que eu ia esperar um negócio desses. Dessa primeira reunião até de fato eu virar sócios do Felipe, foi coisa de oito meses.

O Felipe começou a me pedir ajuda com outras coisas, ajudei ele a fazer uma porrada de coisas, site de livros, site de quadros, acho que ele gosta de testar um pouco pra ver se realmente a pessoa é de confiança. Fiquei trabalhando com ele e aí, quando foi na Black Friday de 2018, se não me engano, foi quando a gente, de fato, virou sócios. 2018 e 2019 foi aquele estouro, Felipe Neto na empresa, fazendo vídeos de Black Fraude, patrocinamos o Bota Fogo, e a empresa cresceu muito. Eu não tinha nenhuma experiência de administração de empresas, era a minha primeira empresa que estava, de fato, dando certo. Cometi vários erros, contratei muita gente e depois vi que tinha gente demais e não tinha tantos processos assim, tive que reduzir. Então foi sempre uma sanfona muito louca ali. Em paralelo, o Felipe começou a ter uma parceria mais estreita com um varejista e acabou ficando num conflito muito grande, então ele foi se afastando cada vez mais da operação. Nos dois primeiros anos ele participou mais efetivamente, mas no último ano ele já estava bem mais afastado, e aí, em 2020, ele saiu da empresa. Na época eu fiquei muito chateado com ele, confesso, depois a gente conversou e se acertou, eu entendi o ponto de vista dele, ele estava sendo pressionado para sair, não tem nenhum problema.

Mas 2020 foi um ano muito singular, porque a gente tinha acabado de fazer uma parceria com o Reclame Aqui, então estavamos sendo atacado pra caramba pelos varejistas, de uma maneira geral, e por algumas pessoas em específico, algum dia, eu com certeza vou falar mais abertamente sobre esse tema. Na época a gente recebeu uma proposta do Maurício Vargas, fundador do Reclame Aqui, pra comprar o Vigia, e eu fiquei super feliz, era uma boa saída pros problemas que estavam acontecendo na empresa. Infelizmente, quando chegou em março de 2021, o Maurício faleceu de Covid. E eu só pensei “Fudeu”, um monte de problemas acontecendo, boa parte por causa da entrada do Reclame Aqui no Vigia, porque o Reclame Aqui tem um peso muito grande, ele é muito polêmico, tem muita gente que não gosta dele, principalmente quando a gente fala de empresas. O Reclame Aqui reúne reclamações contra as empresas, a maioria engole, mas não gosta, então a gente teve muita represália. Aí eu falei “fudeu, o que a gente vai fazer agora?”, o Maurício morreu e eu não sabia o que fazer. Na época a gente perdeu contratos de duas varejistas grandes que simplesmente ligaram e falaram que não queriam mais trabalhar com a gente, depois de cinco anos trabalhando juntos, da noite pro dia a receita da empresa caiu pela metade. E aí, quando foi em abril, eu lembro até hoje, no mesmo dia que o CEO do Reclame Aqui me ligou, também me ligou o pessoal da Mosaico, querendo negociar a compra do Vigia. Eu não vou entrar a fundo com relação às negociações, no final das contas vocês já sabem o Vigia foi vendido para a Mosaico, dona do Bucapé e do Zoom, e aí eu fiquei no Buscapé até dezembro de 2021, até que eu saí e montei a Uzmi Games.

Na verdade o estúdio já existia há mais tempo, desde o começo de 2021, mas depois de novembro é que, de fato, eu e o Douglas [Mesquita, o Rato Borrachudo] começamos a tocar o estúdio mais profissionalmente, como uma empresa. Inclusive, pra quem me apresentou o Douglas foi o Felipe, olha só como uma coisa puxa a outra. Eu conheci um cara, o cara me apresentou pro Mobilon, que me apresentou pro Felipe, que me apresentou pro Douglas. É até engraçado, a primeira vez que eu entrei em contato com o Douglas, ele foi até o Felipe perguntar quem eu era, perguntou pro Bruno Correa também, porque essa galera recebe muita gente tentando falar com eles. Em parceria com o Douglas, a gente fez o Escorrega o Preço, no finalzinho de 2020, antes de eu vender o Vigia, que só conseguiu rodar a Black Friday de 2020. No ano seguinte ele já tinha saído, ele não quis fazer o acordo com o Buscapé, então acabou saindo e montando o Escorrega 2.0, que é o que ele tem hoje. Inclusive as pessoas podem achar que eu tenho alguma coisa com esse negócio, mas não, a gente tinha uma parceria, mas o Escorrega sempre foi do Douglas, ele tem outros sócios. Eu sou sócio do Douglas no estúdio de games. Durante esse processo de desenvolvimento do Escorrega, a gente acabou ficando amigo, então a gente acabou tendo um relacionamento montado durante esse processo, até chegar ao ponto do Douglas virar meu sócio de fato no estúdio. Então são duas coisas totalmente diferentes.

O Douglas me apresenta a várias outras pessoas e o network vai aumentando, vai passando. Então, perceba que, tendo um trabalho consistente, as pessoas confiam em você, você gera resultados, isso vai passando, é uma corrente. Eu garanto que se alguém que tem contato com o Felipe perguntar, ele não vai ter nada de ruim para falar de mim, eu também não tenho nada de ruim pra falar dele. Diferente do que as pessoas acham, o Felipe é totalmente diferente pessoalmente, ele é um cara calmo, centrado, se coloca bem, tem raciocínios racionais super bacanas, a vida dele é extremamente conturbada, então nunca esperei que ele fosse efetivamente estar ali no dia a dia, ele tinha uma tarefa específica. O Douglas é um pouco mais participativo, ele gosta de entrar mais a fundo nos negócios, entender o que está acontecendo, são comportamentos completamente diferentes. O Felipe eu tive muito pouco contato, de sentar pra trocar uma ideia away, eu tenho muito mais contato com o Douglas. São perfis diferentes, são exposições diferentes, mas são dois caras sensacionais, gosto muito deles, tenho respeito por eles.

Finalmente, eu não vou deixar de citar a galera que me ajudou a montar esse negócio, porque eu não montei esses negócios sozinho. Eu posso estar contando a história aqui, muito resumidamente, mas eu queria deixar na lembrança aqui, todo mundo que trabalho comigo no Vigia e um grande beijo para todos. Infelizmente o Rodrigo faleceu ano passado de Covid, inclusive, fica minha homenagem ao Rodrigo, por tudo que a gente construiu juntos. Aí, como todos já sabem, é público, a venda aconteceu ano passado, 2021, por alguns milhões de Reais. Foi uma história de extrema dificuldade, de superação, matando um leão por dia, estresse, cabelo branco e tudo mais. Não é fácil tocar operação, são muitos problemas, mas me deu muita experiência, obviamente, pra tocar o daqui pra frente. E espero ter outras histórias como essa no futuro, eu trabalho pra isso, pra cada vez mais ter outras coisas legais, gerar outras empresas, criar produtos legais. Espero que vocês tenham gostado da história.

O conteúdo do post é um compilado do vídeo “Como sai do zero para vender minha empresa por 7.5 milhões de Reais”: