Vamos traçar uma linha do tempo para tentar entender melhor o momento em que estamos para a indústria dos games.
Existe um período que vou chamar de “primeira onda”: estúdios de games do período pré-smartphone, grandes produções, títulos lendários, mesmo com toda limitação da tecnologia da época. Deste período nascem empresas bilionárias, como EA Games, Ubisoft, Blizzard, entre outras.
A “segunda onda” nasceu logo em seguida, no surgimento das AppsStores e a popularização dos smartphones. Agora era possível criar pequenos jogos casuais, e ganhar muito dinheiro usando Ads para impulsionar seus games. Essas empresas, como Zynga e, aqui no Brasil, Wildlife, surfaram essa onda e se tornaram empresas gigantescas. Prova disso foi a aquisição da Zynga pela Take-Two, por US$12,7 bilhões de dólares. Porém, no meu ponto de vista, a “segunda onda” é marcada por empresas de marketing envelopadas no formato de games. A cultura é diferente, nenhuma grande produção foi criada por essas empresas, número de downloads não representa qualidade ou inovação. É bem comum reconhecer dois tipos distintos de empresas no segmento: as idealistas, que têm amor aos games e tem o sonho de criar grandes títulos, e as capitalistas, que aprenderam a fórmula de ROI positivo do Ads, usando games para ganhar caminhões de dinheiro. Particularmente, eu entendo os dois lados e nenhuma delas está certa ou errada ou é melhor ou pior que a outra.
Agora estamos entrando em uma “terceira onda”. Como comentei no post Fim do Retargeting, rumo ao Metaverso, as empresas que vendem tráfego, como Facebook, Google e Apple, estão na mira dos governos do mundo todo, recendo sansões, multas milionárias e regulamentações como GDPR, LGPD, etc. No Brasil, a propaganda para menores de 13 anos foi proibida pelos órgãos responsáveis. Isso está impactando diretamente no preço na hora de comprar mídia, está cada vez mais caro adquirir novos jogadores e, ao longo dos anos, a competição pelo tempo de tela aumentou muito. Óbvio que, em meio a essas ondas, empresas como a Riot Games nascem, criando modelos inovadores e arrastando multidões. A Uzmi Games nasceu em um momento privilegiado da historia, estamos acompanhando de perto essa mudança.
Grandes empresas da primeira onda, boa parte listadas em bolsa de valores ou adquiridas por gigantes como Tencent e Microsoft, têm um sério problema em entrar de cabeça no mundo das criptos, já que possuem uma parede de burocracia. Estúdios menores estão calculando os riscos e flertando com a primeira leva de “jogos” utilizando tecnologias cripto, que morreram em velocidade recorde. No meu ponto de vista, beira o absurdo falar que de fato eram jogos. Com a proposta de ganhar dinheiro fácil e rápido, projetos nasceram e morreram em questão de meses, deixando mal falado todo ecossistema de criptoativos e NFTs, como se fosse culpa dessas tecnologias as fraudes e calotes praticados por diversos projetos. “Investidores” de primeira viagem, sedentos por dinheiro fácil, investiram e perderam tudo em meses.
O que está por vir?
Um movimento que vem ocorrendo é o investimento em estúdios de pequeno e médio portes por parte dos grandes estúdios, mantendo a flexibilidade em parte ou integralmente. A Epic Games recentemente investiu no estúdio Aquiris e a Tencent constantemente realiza aquisições de estúdios menores. Esse movimento, no meu ponto de vista, existe pois, como ainda não há um modelo de negócios sólido na área de cripto games, vários testes estão sendo preparados e as grandes empresas querem estar bem posicionadas para ocupar seus lugares nesse novo mercado. Até mesmo a aquisição da Blizzard pela Microsoft é um sinal da mudança dos tempos.
Em épocas de mudança, nem sempre a inovação e as melhores ideias vem de grande empresas bilionárias, por um motivo obvio: é muito difícil inovar em um ambiente engessado e cheio de regras. Por melhor que seja a cultura da empresa, quando se abre capital em bolsa e tem milhares de acionistas pressionando, o foco passa a ser o resultado, e comprar boas ideias e empresas.
Há pouco tempo ouvi de um conhecido do mercado a afirmativa que o futuro vem dos stream de jogos AAA, em dispositivos móveis, por meio do 5G e datacenters especializados em processamento gráfico, como Google Stadia e GeForce Now. Quem de fato joga, principalmente jogos competitivos, chega a sentir um frio na espinha ao pensar em jogar com 200 de ping. Essa possibilidade pode atender a um determinado segmento da indústria, mas nem de longe vai ser uma bala de prata que vai revolucionar o mercado.
Agora, a grande pergunta que fica é: como esses estúdios que vivem de comprar Ads para seus jogos vão sobreviver à seca de informações de retargeting e a um custo cada vez mais elevado? Na hora que o ROI zerar, a queima de caixa vai derreter a empresa em meses. Por isso a procura por profissionais de Web3 e formas de baratear o custo de operação vêm aumentando consideravelmente nos últimos meses. Estrategicamente, a Uzmi, além de um estúdio de games, também possui um braço de cripto, com toda tecnologia necessária para criar um ecossistema integrado aos jogos, de baixo custo.