Hoje a gente vai falar sobre responsabilidade. A vida inteira a gente escuta, ou pelo menos comigo foi assim, sobre a questão de ser responsável com as pessoas e com seu trabalho. Só que não sei é um problema da minha geração, de 30 e poucos anos, mas eu vejo com bastante frequência a falta de compromisso, responsabilidade e, principalmente, pessoas que não assumem seus erros.

Lembrando que eu faço essas reflexões com relação aos comportamentos, no meu ponto de vista, equivocados que as pessoas cometem e que deveriam refletir mais sobre o quanto isso é destrutivo para a vida e para carreira delas. Principalmente se você está querendo empreender, você precisa fazer reflexões sobre o seu comportamento anterior, se você veio de um mercado onde você era funcionário e agora quer ser patrão, tem que mudar bastante sua forma de pensar.

O que eu quero passar aqui é para que você entenda que é preciso ter responsabilidade com algumas coisas que são importantes como um todo, tanto no pessoal quanto dentro de uma empresa, e assumir os erros que você comete no processo. É extremamente importante essa reflexão para entender no que você está errando. Logicamente, todo mundo erra e acho que a evolução do ser humano começa justamente quando a gente começa entender nossas limitações e os nossos defeitos e passa a encará-los de uma forma a não terceirizar a responsabilidade desses problemas.

Particularmente acredito que a responsabilidade é um fator determinante para o sucesso de uma empresa ou de um profissional. Eu até fiz um post um pouco polêmico há pouco tempo, teve uma enxurrada de comentários, em que fazia uma piada, obviamente, dos programadores serem “pedreiros digitais”. O que eu queria, na prática, passar com esse texto? A minha reflexão era para os programadores de uma forma geral, e eu me enquadro nisso, por mais que eu tenha desviado da minha função, eu sou programador por essência e ainda continuo programando até hoje, sobre zona de conforto, sobre programadores que querem só programar e se especializam somente em programação. Eles estão cometendo, no meu ponto de vista, um erro muito comum, mas perigoso, de só ficarem bons em “levantar muros”. Mas como você faz para evoluir para o próximo nível? E no texto eu falo para dar olhada nas vagas de contratação das maiores empresas e perceber uma coisa comum entre todas, que cargos de gerência, os “Tech Leaders” da vida, são cargos que tem uma diferença salarial muito grande. E por que isso acontece? Porque esse conceito de gerenciar pessoas é muito complicado e normalmente os programadores têm por padrão o trabalho com a máquina, entender as linguagens, etc. e não trabalham tanto o relacionamento interpessoal. Obviamente existem exceções, eu não vou generalizar demais as coisas, mas no senso comum o programador é um ser mais isolado, que gosta, no máximo, de interagir com outros programadores, até por uma questão de identificação. Para quem tiver curiosidade em ler:

O ponto é que, quando você só se especializa na sua área de domínio, você fica ali parado na zona de conforto e acaba negligenciando outras áreas que são importantes. Se você está pensando em abrir uma empresa, por exemplo, precisa saber um pouco de contabilidade, financeiro, jurídico. Não precisa fazer uma faculdade ou se especializar. No meu caso eu comecei a faculdade de direito, não terminei, mas me deu uma base teórica muito bacana para entender melhor os processos e conseguir conversar com a minha assessoria para definir como vão ser as ações que a gente vai tomar. Se você não adquirir esses conhecimentos, acaba terceirizando e fica totalmente rendido a essa pessoa. Tem quem trabalhe nesse modelo e tem relativo sucesso, mas aí você tem que se cercar de pessoas que vão ter esses conhecimentos satélites e tem que ter 100% desconfiança nessas pessoas e, particularmente, eu acho super difícil você terá capacidade para escolher um bom advogado ou um bom contador se você não conhece nada sobre aquela área e não tem parâmetro de como fazer a contratação.

É a mesma coisa que eu falo em consultorias: como o RH acha que vai ter capacidade para contratar um bom programador se não tem nenhum conhecimento técnico de programação para verificar se o cara é bom ou não? O RH normalmente vai fazer uma linha de corte antes de passar para o próximo processo, em que a pessoa vai falar com um técnico do setor, um corte comportamental. Mas eu já vi casos de programadores excelentes que trabalharam comigo não passarem em processos de seleção de RH. Inclusive, quando o Vigia foi adquirido, uma pessoa fundamental à operação não quis continuar na empresa porque tinha esse histórico, de ter feito processo seletivo anteriormente e receber uma resposta negativa do RH, que não teve o mínimo de critério para contratar. Também tem outros problemas quando a gente fala de recursos humanos e head hunters, mas eu vou fazer um vídeo específico falando disso, porque me incomoda profundamente.

Voltando ao assunto, quais são os problemas que você tem com a falta de responsabilidade e compromisso com o que está fazendo? Primeiro que você não gera confiança nos seus pares, seja de algum investidor ou até mesmo confiança pessoal, de um amigo para o outro. Eu tenho amigos que são excelentes para sentar e tomar uma cerveja, mas não consigo fazer negócios com essas pessoas, simplesmente porque eu não consigo confiar a elas alguma tarefa e essa quebra de confiança vem justamente da falta de responsabilidade. Outro problema tangente à falta de responsabilidade é a terceirização dos erros. É normal cometer erros, mas se você não corre atrás para resolver e ainda joga a culpa do que você fez de errado em outra pessoa ou em outra coisa, você perde o respeito e a confiança das pessoas que estão trabalhando contigo ou te gerenciando. E o leque de desculpas que a gente recebe é enorme, antigamente tinha aquelas desculpas tipo “furou o pneu do carro”, hoje em dia, com acesso remoto, a gente não controla mais ninguém, e não vai ser uma chamada no Discord que vai resolver, eu já tive funcionários dentro do escritório durante 9 horas e o cara estava simplesmente fazendo um trabalho para outra empresa ou estava procrastinando vendo vídeo.

Eu vou contar uma história pessoal. Até meus 27 ou 28 anos eu trabalhei na empresa de terceiros: trabalhei na empresa que atualmente é a PicPay, trabalhei no centro de inovação da Microsoft, trabalhei em várias agências digitais aqui no Espírito Santo e quando se trabalha para os outros, a empresa toma decisões baseadas nos interesses dela, é muito difícil achar uma empresa que vai tomar decisões baseadas no interesse dos funcionários, esses conceitos modernos de escritório à la Google de bem estar na prática são só para tentar manter mais tempo os funcionários que realmente prestam. E quando eu era programador e não concordava com algum posicionamento da empresa ou qualquer outra coisa, qual era o meu comportamento padrão (e eu sei que não é o comportamento médio das pessoas)? Eu pedia demissão. Eu saia e ia para outra, para tentar achar uma empresa que se enquadrasse melhor no meu temperamento, no meu jeito de agir. Quando eu vi que era muito difícil encontrar uma empresa compatível com meu perfil, o que eu fiz? Montei a minha própria empresa. Essa é a dica que eu dou para todo mundo que está insatisfeito com a empresa em que está trabalhando. Outra opção possível é você ter argumentos sólidos para contrapor as decisões que estão sendo tomadas, e aí seu chefe decide se essa opinião vai contar para alguma coisa ou não, isso vai depender de quem está gerenciando. Mas se você se sente desconfortável porque suas opiniões não são ouvidas, você volta a ter duas alternativas: sair fora ou simplesmente baixar a cabeça e executar o trabalho que você está sendo pago para executar. Aí, quando existe um vínculo de CLT, se você está sendo pago para exercer uma função, mas não a exerce porque não concorda, caracteriza insubordinação que, se não me falha a memória, é justa causa para demissão. Obviamente, é chato pra cacete conseguir justificar isso, mas tem como. Quando você é prestador de serviço PJ, o vínculo muda um pouco, mas você ainda está sendo pago para executar uma tarefa, não para questionar a tarefa, você está se comprometendo a perder suas horas de trabalho para entregar uma demanda mediante um pagamento, então cumpra a sua demanda. Quer dar sua opinião? Beleza, mas tenha embasamento para isso.

A primeira coisa que eu fiz quando fui montar a Uzmi Games foi redigir o Manual de Cultura. Nele eu falo uma coisa muito séria e que eu esperava que todos os colaboradores que entrassem lessem aquilo, fossem honestos e tivessem o comprometimento de levar aquilo a sério, que é o seguinte: se você não está afim ou não concorda com os posicionamentos da pessoa que está liderando, você tem a opção de continuar executando seu trabalho e recebendo por isso, ou faça um favor para todo mundo, se demita. A parada mais injusta do planeta é fazer uma um acordo em que você é pago pra trabalhar, mas você não quer trabalhar. Você procrastina, vai fazer outra atividade, trabalha em outro projeto e continua lá, recebendo dinheiro para não fazer nada. Isso é injusto com a empresa e injusto com os outros colaboradores estão querendo trabalhar. A gente recentemente passou por esse tipo de situação, de ter pessoas que estavam “trabalhando” na empresa e iniciaram outros projetos, e, pra piorar queriam, ainda assim, assumir a liderança dos negócios e tomar as decisões do projeto. O pior dessa história foi não assumir os próprios erros e aceitar as consequencias do que fez. Quando a gente toma decisões, e isso é uma coisa que pouca gente entende, é que toda decisão tem pontos positivos e pontos negativos, seus ônus e seus bônus. Todas as decisões que eu tomo nas minhas empresas, quando dão certo, maravilha, vamos comemorar, só que quando a empresa está perto da falência, está com problemas financeiros, quem tem que resolver é eu. Quem toma as decisões, administra a empresa e decidi quem vai trabalhar ali também é quem tem que assumir a responsabilidades por essas decisões e não necessariamente está diretamente relacionado a ser o dono de uma empresa ou não. Isso é outra coisa que a gente pode falar no futuro, a diferença entre ser funcionário da sua empresa e ser sócio, existe uma diferença enorme, inclusive eu já tive que demitir meu sócio, por mais engraçado que possa parecer.

O problema dessa história é querer atribuir a qualquer outra pessoa (ou coisa, que seja) aquele erro que VOCÊ cometeu. Amigo, uma coisa que eu aprendi nessa vida é o seguinte: se a sua empresa faliu a culpa é sua, se o seu relacionamento não deu certo, a culpa é sua, entendeu? Porque, no final do dia, você tem que fazer uma reflexão se o que você está fazendo é certo ou errado. Se você achar que você está fazendo certo, beleza, continua ali, a vida vai cobrar de alguma forma se você estiver errado. Se você estiver trabalhando errado, você vai ser demitido; se você não estiver sendo um bom amigo, você vai perder amizade. Mas falar que está errando porque o “Joãozinho” está te boicotando, não. Se “Joãozinho” está te boicotando, de novo, você tem opções: ou você pode ser melhor que o “Joãozinho” e o fazer ir embora, ou você sai e vai para outra empresa. Agora, é uma encheção de saco pessoa que só fica reclamando e parece que tem alguma correlação entre falta de responsabilidade, não assumir os próprios erros e ficar reclamando (talvez tenha algum psicólogo por aqui que possa explicar isso). Você vai conversar com uma pessoa que está procrastinando, que não tem responsabilidade com nada e sempre vai ver ela reclamando de alguma coisa, parece um comportamento padrão da mente humana tentar achar distrações para não ver a realidade acontecendo. Isso me incomoda profundamente e ultimamente eu tenho evitado ao máximo ter próximas a mim pessoas assim, pessoas que não estão tentando dar o próximo passo e ficam numa zona de conforto absurda. Do jeito que as coisas estão caminhando, daqui a pouco vai ter gente com 40 anos, 50 anos, morando com os pais, sem nenhum nível de responsabilidade. É surreal, no meu ponto de vista, você não dar um passo além do seu nariz, não fazer mudanças na vida e viver reclamando que as coisas não evoluem. Fica sentado vendo Netflix, esperando uma obra divina, achando que vai abrir o céu e sair um anjo com um papel com a resolução de todos os seus problemas, porque você é uma pessoa especial e todas as merdas que aconteceram na sua vida foram obras de fulano e sicrano, que te jogaram para trás, mas agora você tem a bênção divina e vai conseguir “fazer diferente” se comportando do mesmo jeito que você já estava se comportando. É burrice você achar que pode continuar fazer as coisas do mesmo jeito e vai obter um resultado diferente.

Eu ouvi de um amigo meu, que me deu um banho de água fria, ele falou assim: “André, você está com 27 anos (na época) e até agora tudo que você fez não deu resultado do seu jeito, então custa você ouvir e tentar fazer do meu jeito? Custa você abaixar um pouco seu ego e ouvir quem está melhor do que você?” E aí eu volto a uma frase que eu gosto: “não aceite crítica construtiva de quem nunca construiu nada na vida”. Opinião e fatos são bem diferentes, uma coisa é ter experiência no que você está falando, ter botado a pele em risco (o famoso “skin in the game”) para tomar decisões certas ou erradas e sofrer as consequências dessas decisões. Eu adoro conversar com pessoas que estão empreendendo ou trabalhando em grandes empresas, tocando o dia a dia, porque acontece uma coisa muito interessante que agente sabe, com pouco tempo de conversa, se a pessoa já passou por problemas de verdade e o nível de respeito que você tem por essas pessoas é muito maior do que o do restante das pessoas, porque ela sabe o quanto é difícil tomar uma decisão. E a gente toma decisões o tempo inteiro: decisões que podem impactar famílias, podem gerar ou tirar empregos e são decisões difíceis de serem tomadas. E, diferente do que todo mundo acha, nenhum empreendedor que eu conheço na face da Terra, acorda feliz um dia, falando que está vontade de demitir 200 funcionários. “Cara, eu acordei, tomei meu café e resolvi que vou chegar lá na empresa e vou passar a Katana em geral…”

A gente demite por dois motivos específicos: porque não vale a pena continuar te pagando pelo trabalho que você está prestando, e aí não estou falando se é bom ou ruim, talvez só não se enquadre mais na realidade que a empresa precisa, ou porque a empresa está passando por algum tipo de problema, esses são os maiores motivos de demissão. Seria muita pretensão achar que o empresário “malzão” vai chega lá e cortar todo mundo só pra ganhar mais final do mês, pode existir esse tipo de gente, mas eu acho que é minoria, porque empreendedor, de uma forma geral, sabe que precisa de pessoas para fazer as coisas, a gente não faz nada sozinho. Eu sou programador, eu entendo da parte de programação, mas tem uma série de conhecimentos que eu preciso de outras pessoas para me ajudar e quanto mais pessoas de confiança eu tenho trabalhando comigo, melhor fica o trabalho. É melhor porque tem menos dependência de mim, eu posso delegar responsabilidade às outras pessoas. Mas, no final do dia, o peso da responsabilidade ainda acaba indo nos ombros de quem está gerenciando, porque se der qualquer tipo de problema, essa pessoa é quem tem que resolver. Até porque eu nunca vi empresas passando por um problema e os funcionários se mobilizarem para tentar resolver. A primeira reação de um funcionário quando começa a ter problema, principalmente financeiro, é começar a mandar currículo e não venha ser hipócrita de falar que você não é assim, porque as suas necessidades pessoais se sobrepõem às da empresa. Já quem está gerenciando precisa colocar as decisões que vão refletir na maior quantidade de pessoas à frente até mesmo de opiniões pessoais. As decisões que eu tomo dentro de uma empresa são pensando no bem coletivo, não na minha vontade pessoal. Por isso eu sou muito claro e falo que eu prefiro negócios em que eu não dependo de pessoas, por isso fui para o mercado de mineração de criptoativos, onde eu não preciso de gente. As placas de vídeo ficam lá, não reclamam, não enchem o saco, nenhuma delas pediu demissão até hoje, estão lá trabalhando certinho.

Só que quando você quer fazer alguma coisa criativa, você vai precisar de pessoas, não tem jeito. E você tem que trabalhar com essas pessoas, tem que conviver com elas, só que trabalhar com pessoas que não têm responsabilidade é complicado, você perde a confiança. Como eu falei antes, eu tenho amigos de anos, que eu gosto para caramba, mas que, por falta de responsabilidade, eu não consigo mais botar dentro de uma empresa. É chato porque às vezes você quer ajudar, mas não tem sentido eu deixar de colocar um profissional que realmente quer trabalhar na minha empresa, que vai dar resultados legais, para colocar uma pessoa que eu sei que eu não posso confiar, consequentemente não posso delegar tarefas que sejam importantes e aí eu vou estar gastando dinheiro à toa. É muito mais saudável para o negócio nem colocar pessoas próximas a você para trabalhar, porque a quantidade de problemas consequentes a isso é altíssima. A confusão entre amizade e profissionalismo no ambiente corporativo é enorme. Eu já demiti minha mãe, já demiti amigos, já demiti a minha esposa, justamente porque as pessoas têm uma dificuldade muito grande de separar as coisas. Dentro da empresa vocês são colaboradores desse ecossistema e se existe algum tipo de hierarquia, ela precisa ser respeitada. E, no meu entendimento, se você for reclamar depois de chegar em casa, está errado. Depois que saiu da empresa, ou depois do expediente, se trabalhar em Home Office, vocês voltam a ser um casal ou voltam a ser amigos e não tem que ficar discutindo coisas que se passaram dentro da empresa. Se você tomou uma bronca e achou ruim, chama de canto e conversa, agora não sai para tomar uma cerveja e resolver a DR de vocês, pelo amor de Deus. É impressionante a quantidade de vezes que eu tive que servir como psicólogo de pessoas próximas por causa de coisas imbecis, mas que destruíram totalmente o clima corporativo, porque levaram coisa de trabalho pra fora do ambiente da empresa. E se você acha que na sua empresa, seja ela grande ou pequena, não vai passar por isso, você está muito enganado. Isso acontece em todas as empresas, só é mais fácil acontecer numa empresa grande por uma briga de egos, interesses e falta de responsabilidade e compromisso, em empresas pequenas não há muita margem para erro, então quando começa acontecer esse tipo de coisa, dá pra trocar rapidamente a pessoa.

Eu acho que as pessoas precisam ser um pouco mais conscientes, precisam refletir mais. Eu vou te falar, é libertador a partir do momento em que você entende que você pode ser o problema do negócio, porque aí você muda. Se você entende que está cometendo aquele erro, você tem a capacidade de mudar, eu acredito que as pessoas têm capacidade de mudar. Mas, a partir do momento que você não consegue assumir seus próprios erros, você não vai mudar nunca. E aí, se você não vai mudar nunca, fica difícil conseguir ter uma boa convivência em qualquer cenário que seja e aí acaba que você vai levar uma vida muito aquém do que poderia.

Uma coisa para se ficar atento, tanto na vida profissional quanto pessoal, é que se tem muita gente falando uma coisa sobre você, tem várias pessoas apontando que você tem que mudar, de um pouquinho de atenção. Nossos defeitos a gente geralmente tenta manter dentro da gente para ninguém saber que eles existem, mas quando eles começam a transbordar as barreiras do nosso interior, ao ponto das pessoas chegarem para você e falarem, “cara, seja mais responsável, assuma seus erros”, comece a dar ouvidos a essas pessoas, porque no começo você vai ouvir isso provavelmente de quem gosta muito de você. Se você tiver que ouvir isso no mercado de trabalho, a vida vai ser muito cruel. A vida me deu muita porrada quando eu era assim, quando eu não tinha responsabilidade, não assumia meus erros e arrumava desculpas para não trabalhar ou para não entregar o que eu tinha que entregar. Eu ficava insatisfeito com o que estava acontecendo, mas em nenhum momento eu assumia a responsabilidade dos meus erros. E aí, quando eu entendi de uma forma mais clara, as coisas começaram a dar certo, porque, se eu sou responsável comigo, eu consigo ser responsável com as outras pessoas. Se você não é responsável consigo, como você vai conseguir ter responsabilidade com outras pessoas? E como você acha que vai conseguir liderar pessoas, se você não é confiável? E, ainda, como você acha que algum investidor vai botar dinheiro na sua empresa, se ele não consegue confiar na sua palavra? Veja como a confiabilidade é uma coisa muito importante para tudo na vida.

Ser uma pessoa confiável é extremamente importante, pessoas previsíveis são mais fáceis de trabalhar do que pessoas instáveis. Hoje em dia eu dou muito mais valor em trabalhar com pessoas que estão ali, independentemente das adversidades e são previsíveis, mesmo que a gente tenha ciclos de altos e baixos o tempo todo, mas que pelo menos que sejam transparentes com o que estão sentindo ou com o que está acontecendo. Às vezes tem pessoas que são extremamente talentosas, mas também são altamente instáveis… Até vou deixar uma mensagem para os nossos queridos do RH: as pessoas talentosas normalmente são muito instáveis e precisam ser trabalhadas de uma forma completamente diferente das pessoas mais “normais”, que tem certa rotina. Dentro de uma corporação nós precisamos ter esses dois perfis, precisamos ter pessoas que executam tarefas que são extremamente importantes e ter pessoas que inovam na área delas, mas cada uma é tratada de uma forma diferente. Por isso que o cargo de gerenciar pessoas é tão importante.

Aí a gente volta no paralelo lá do começo com o texto do “pedreiro digital”, sobre por que o cargo de gerência é sempre mais bem remunerado que cargos de programador, porque lidar com pessoas é um trabalho árduo, complicado, em que você precisa identificar o perfil das pessoas e, às vezes, você vai precisar trabalhar de formas diferentes com perfis diferentes: pessoas extremamente talentosas são mais complicadas de lidar, elas têm o ego muito inflado na maioria das vezes, pode existir uma briga de egos muito grande quando você tem duas ou três pessoas muito boas trabalhando na mesma área; e você tem outros tipos de perfis, como eu citei, um perfil que eu gosto muito de trabalhar são pessoas que executam as tarefas, você passa uma tarefa ou uma demanda e ela entrega e às vezes entrega mais do que você pediu, em vez de estar criando problemas com relação à demanda, a pessoa traz opções e bota ali, de uma forma prática. Normalmente eu não sou muito de passar tarefas específicas pras pessoas com quem eu trabalho, eu passo mais ou menos algo parecido com o que eu, mas se a pessoa trouxer uma solução melhor, eu sou todo ouvidos.

Agora, as pessoas que só reclamam e trazem soluções absurdas, que vão custar caro e vão demorar meses para serem implementadas, isso não tem cabimento. Se você do tipo de profissional reclamão e que acha que tem solução para tudo, mas só dá sugestões de merda, mude seu comportamento, isso é insuportável e você não vai durar em emprego nenhum, porque nenhum empreendedor gosta de lidar com pessoas assim. Antes de dar uma sugestão, pense no que você está propondo, pense em quanto vai custar para empresa a sua proposta, bote na ponta do lápis os gastos e o tempo necessário e aí você vai ver quanto vai custar essa brincadeira. Se na sua cabeça de fato faz sentido todo dinheiro que a empresa precisa desprender para poder fazer o que você quer, eu não tenho muito que fazer. Talvez você tenha que procurar uma empresa com recursos infinitos para trabalhar, um Google ou Facebook da vida, muito provavelmente. Mas, sendo bem honesto, você não vai passar num processo de seleção desses, porque essas empresas trabalham com inteligência e esse tipo de comportamento não está sendo nada inteligente. Pare e reflita: você acha que é esse tipo de cara mega inteligente e talentoso, que tem capacidade de trabalhar no Google, criar projetos inovadores, que tem ideias maravilhosas para sugerir para o seu chefe? Tenha um bom senso, pense antes de falar e sugerir qualquer coisa para as pessoas que tomam as decisões na sua empresa, por que provavelmente você não está tendo uma visão macro de tudo que é necessário para que aquela sugestão se concretize e o seu gestor não tem obrigação de ficar se explicando o tempo. Quando você tem um funcionário que espera que você justifique por que está tocando empresa daquele jeito, fica um relacionamento insuportável e, ainda pior, quando essa pessoa se acha no direito de juntar com outras pessoas para questionar sua autoridade e querer impor a visão dela. Qual é a minha posição quando acontece isso? Eu mando embora na hora. Não dá para liderar uma empresa se você tem um motim dentro da equipe ou se você tem um grupo de funcionários que estão questionando sua liderança. E quando isso acontecer, assuma a responsabilidade pelo que aconteceu. Assuma seus erros!

Esse texto é um resumo do conteúdo do vídeo “Assuma seus erros!”, que você encontra aqui: