Há alguns dias eu comecei a contar um pouco da história da internet e dos principais pontos de evolução, para finalmente poder chegar aos dias de hoje e explicar o que está mudando a Web, que estão chamando de Web3. Hoje eu vou tentar explicar de forma simples o que está mudando e por que motivos eu considero esse termo, Web3, mais uma jogada de marketing do que uma evolução arquitetônica propriamente dita. Para quem perdeu a primeira parte, vou deixar o link aqui:

Para fazer um paralelo e simplificar o entendimento de Web3, vamos usar como exemplo o Netflix. O Netflix é um sistema de streaming de vídeos, que fornece pra gente vídeos em alta definição, em qualquer lugar do mundo, com um catálogo de títulos extenso. Pensando na arquitetura do Netflix, como é que ele consegue fornecer para pessoas no mundo inteiro, vídeos em alta definição, com qualidade? Analisando de forma técnica, teria duas opções possíveis: ter servidores alocados no mundo inteiro, o que custaria bilhões de dólares em infraestrutura, precisaria de formas desses servidores se comunicarem em alta velocidade, então provavelmente algum tipo de cabeamento backbone para atualizar esses servidores com filmes em tempo real, por exemplo, no lançamento da temporada de The WItcher, teve um pico de acessos absurdo dentro do Netflix, então esses conteúdos teriam que ser lançados e distribuídos por esses servidores no mundo inteiro, sincronizados, para poder ser liberado de forma simultânea para todo mundo, correndo o risco severo de ter uma sobrecarga de acessos e não conseguir distribuir para todo mundo, causar lentidão e coisa e tal. Então a Netflix utiliza uma alternativa, o OpenConnect. Mas o que é OpenConnect? É um serviço com o qual qualquer pessoa no mundo pode se tornar um servidor Netflix, obviamente para isso tem uma séria de requisições técnicas de equipamentos que você precisa ter, e você recebe para isso. Então é muito mais barato para a Netflix te mandar um equipamento, você provém a infraestrutura e a energia, e ela te paga em dólar, do que ter toda a burocracia de fazer um trabalho internacional para fazer o serviço de CDN [Content Delivery Network ou Rede de Distribuição de Conteúdo] e ter múltiplos servidores distribuídos no mundo inteiro.

Esse processo distribuído de informação já utilizado pelas grandes Big Techs há muitos anos. Hoje em dia a gente tem possibilidade de contratar uma CDN na Amazon, no Cloudflare, ou quaisquer outros serviços. Aqui no Brasil também a gente tem algumas empresas que fornecem esse tipo de serviço de CDN. Até pouco tempo atrás esse era um serviço muito caro, porque normalmente ele é cobrado por quantidade de acessos, então quanto mais acessos você tem, mais caro vai ficando. E por que é que eu estou fazendo esse paralelo com CDN? Porque quando você tem serviços com uma massividade de usuários, você precisa fazer esse processo de distribuição em vários computadores, em vários servidores, em vários lugares do mundo para conseguir manter disponibilidade do serviço. Quando nós estamos falando em serviços alocados em servidores, DataCenters, ou até mesmo num computador pessoal, porque qualquer computador no mundo pode ser um servidor HTTP, isso é um ponto atrativo, que vem chamando a atenção nessa história, e não chama atenção de agora, da galera que não gosta muito da intervenção do Estado. Perceberam o seguinte, com a popularização da internet, várias coisas que antes eram monopólios estatais, passaram a ser públicos. Vou dar um exemplo, YouTube. Com o YouTube qualquer pessoa pode produzir um vídeo, criar conteúdo, falar o que bem quiser, subir o vídeo e disponibilizar pro mundo inteiro. Antigamente, para poder fazer alguma coisa similar a isso, você tinha que montar um canal de televisão. Um canal de televisão, pelo menos aqui no Brasil, é uma concessão estatal, tem que participar de um processo, tem que ter o canal liberado, tem que ter muito dinheiro, não é fácil conseguir um canal, principalmente um canal aberto, tem uma série de regras e não sei mais o que. De uma forma geral, o Governo, sempre tenta pegar serviços que são importantes para a grande massa da população e colocar regulamentações e impostos sobre esses serviços.

A internet até hoje é um grande problema para os legisladores do mundo, porque, na sua essência, ela não provém nada. Criaram uma série de mecanismos para dificultar o acesso à internet, mas a internet na sua essência foi criada para ser muito livre, então você consegue contornar, ter serviços gratuitos e, com o surgimento das banda largas, você consegue acessar a internet via rádio, via cabo, via satélite, um amigo seu pode contratar internet e dividir com você. A essência da internet foi montada para ser um negócio muito compartilhado, distribuído, você pode abrir uma rede wi-fi em qualquer lugar e liberar acesso para qualquer pessoa, então não faz muito sentido ter custos elevados e travas para acesso à internet, principalmente porque, no meu ponto de vista, a internet está se tornando um serviço de bem comum, igual água, energia, a população não consegue viver mais sem internet. E aí o governo fica sem saber o que fazer, não tem como controlar, então ele tenta controlar as empresas que prestam serviços para a internet. Os maiores serviços que a gente utiliza hoje no Brasil, WhatsApp, FaceBook, Twitter, são de empresas americanas na sua grande maioria, então o governo brasileiro, por exemplo, fica exigindo que essas empresas tenham sede no Brasil, para poder processar e ter intervenção do Estado caso eles achem necessário. Chega ao cúmulo do absurdo de um ministro do supremo poder chegar para uma empresa dessas e exigir o bloqueio de contas de pessoas por qualquer motivo que seja. Outra coisa que o Brasil tem feito recentemente, é super taxar serviços de cloudserver estrangeiros que não tem sede no Brasil, minha contadora falou que eu teria que pagar 40% a mais de impostos se eu contratasse serviços de datacenter e cloudserver fora do Brasil. Entendeu até onde chega o nível do Estado querendo impor algum tipo de controle?

No fim dos anos 80, começo dos anos 90, a gente viu um movimento ganhando força e tração, o movimento Cyber Punk, isso incentivou diretamente soluções de segurança e anonimato, por exemplo, o TOR, que é um serviço de VPN muito utilizado, principalmente pela galera da DeepWeb. Nesse movimento de impedir que os Estados tivessem controle da internet, surgiram vários serviços, e um desses serviços que, no meu ponto de vista, é o mais importante dos últimos tempos e, consequentemente, o mais perigoso para os países, são as criptomoedas. Eu vou explicar os motivos: Qual é a coisa mais importante que o governo controla hoje pra humanidade? No meu ponto de vista, é o dinheiro. Quem emite o dinheiro é o Estado, as moedas FIAT, cada país tem a sua própria moeda e ter a sua própria moeda é um símbolo de soberania, países que usam moedas de outros países não são 100% soberanos, porque eles dependem do país que emite a moeda. Eles podem imprimir o quanto quiserem, na prática é isso, e o Estado que acaba criando inflação porque injeta mais moeda na economia. Quando o país precisa controlar as pessoas, evitar evasões ou coisa do tipo, ele corta o cordão umbilical e esse dinheiro deixa de circular. Antigamente, na época da minha avó, se guardava dinheiro em baixo do colchão, hoje é muito mais simples do governo controlar a população, porque os bancos têm posse da maior quantidade de moeda em circulação, esses bancos têm uma série de regulamentações e concessões estatais. Outro ponto jurídico específico com relação ao dinheiro é que, quando você deposita o dinheiro no banco, a propriedade do dinheiro é do banco, não é sua mais, e o banco gera uma espécie de uma dívida com você, que ele pode executar ou não, à medida que ele achar necessário fazê-lo. Então o banco tem poder de não deixar você sacar o seu dinheiro e o governo pode determinar a proibição do saque do dinheiro. A gente já viu isso, no governo Collor, eu até escrevi um artigo sobre CBDCs onde eu menciono essa história. Então perceba, o nosso dinheiro não é nosso, a gente tem a ilusão de que aquele dinheiro que está lá no banco vai ser devolvido pra gente, mas o banco tem autoridade para poder definir quanto você pode sacar, se você vai sacar, se você pode fazer transferência ou não pode, e ele cobra tudo que você faz de movimentação ali.

Quem tiver a curiosidade de ler o paper original do Satoshi Nakamoto, vai ver que o conceito básico do Bitcoin é justamente criar uma moeda que possa ser transferida de pessoa para pessoa, sem a intervenção de nenhuma instituição, de forma independente, através de uma rede descentralizada, que nenhum governo, nenhuma entidade, nenhuma empresa, tenha controle. Essa ideia de uma moeda digital, descentralizada, não nasceu com o Bitcoin propriamente dito, tem documentos de antes, dos anos 80, falando sobre moedas digitais, mas o Bitcoin foi o primeiro que conseguiu implementar 100% da tecnologia funcional de uma moeda P2P, que seja utilizável na prática. É mais ou menos assim, o Tim Berners-Lee foi o primeiro cara a criar o conceito de internet? Não, mas ele foi o primeiro que conseguiu implementar de forma funcional uma comunicação de ponta a ponta HTTP, então ele é o pai da internet. Da mesma forma, o Satoshi Nakamoto foi o primeiro a conseguir implementar uma moeda digital descentralizada. Há várias especulações com relação ao Satoshi ser uma pessoa ou ser um grupo, eu acho, honestamente, que é um grupo de pessoas, porque é um código muito complexo, que precisaria de uma série de conhecimentos diversos de criptografia, matemática, comunicação, socket, etc., pra criar esse sistema, e esses caras, “Satoshi”, conseguiram implementar efetivamente um sistema, o primeiro do mundo, de criptomoeda.

Depois disso, em 2014, um cara chamado Vitalik Buterin criou a plataforma da Ethereum. Quando a proposta da Ethereum surgiu, ela era muito diferente de forma conceitual em relação ao Bitcoin. O paper do Vitalik mostra que o conceito originário do Ethereum não é ser uma moeda. O Ether, que é a moeda da rede Ethereum, é simplesmente uma forma de pagar pelo processamento que está sendo feito de forma descentralizada. O Ethereum pegou aquele conceito de blockchain criado pelo Bitcoin, que foi criada para armazenar dados, permitiu o armazenamento de pequenos programas dentro dessa blockchain e possibilitou que, de forma descentralizada e anônima, qualquer pessoa pudesse processar as informações desses programas, remunerando esse processamento usando Ether. O Ethereum surgiu como um ecossistema, desde a sua fundação já existia a ideia de uma linguagem para criar contratos inteligentes, esse termo inclusive está lá no paper, Smart Contracts, o Solidity. Esses contratos inteligentes são consolidados dentro da blockchain e qualquer minerador do mundo pode executar essa tarefa de forma descentralizada. Se você precisa armazenar uma informação que nunca mais vai ser destruída, você vai utilizar a blockchain para isso, os dados consolidados são imutáveis. Eu lembro até hoje do caso do WikiLeaks, por exemplo, que era um site que publicava dados e informações importantes e secretas, e teve um caso emblemático, em que houve uma perseguição enorme dos EUA contra o Julian Assange, criador do WikiLeaks, do vazamento da história um helicóptero apache que matou uma série de civis no Afeganistão, e o governo americano perseguiu o cara por crime de guerra, mesmo ele tendo recebido essas informações de forma anônima. Então os governos fazem as merdas e não querem que ninguém saiba e, por isso, existe perseguição política, existe perseguição financeira, bloqueio de bens. Existem tantas formas de você se fuder com o controle estatal que, quando você começa a pensar de forma mais lógica, começa a perceber que todo esse movimento Cyber Punk faz total sentido.

O movimento Cyber Punk começou a descentralizar serviços importantes para a população e o Bitcoin nasceu com esse propósito de descentralizar a moeda. É preciso entende que moeda fiduciária, Bitcoin, ou qualquer criptoativo na prática é o reflexo do valor que as pessoas dão para eles, por exemplo, o Real, só tem valor porque as pessoas usam para fazer trocas, se ninguém mais usar o Real no mundo, o valor dele vai ser zero. Por que é que o Bitcoin tem valor? Porque as pessoas começaram a utilizar ele. Quanto mais é difundido no mundo, mais valor ele vai ter. E eu sinto que a gente está ainda num processo bem inicial dessa adoção. Se você começa a ver as movimentações financeiras que existem em cripto, você vai ver que é uma parcela insignificante do mercado financeiro mundial, são valores irrisórios, pequenos, que estão sendo tramitados.

Mas, a final, o que é essa tal da Web3, que eu disse que ia explicar? Web3, que está começando a ser difundido, é o processo evolucionário de descentralizar a internet como um todo. Hoje a gente tem um problema, por exemplo o meu site, www.andreferreira.com.br, eu pago para a Digital Ocean, que é uma empresa de datacenter localizada nos EUA, para me fornecer uma maquina virtual para armazenar o servidor e esse site ficar disponível 24h por dia, 7 dias por semana. Se alguém do governo americano ou do governo brasileiro não gostar do meu conteúdo ou do que eu estou falando aqui, podem mandar a Digital Ocean derrubar o meu site. Ou, como eu tenho um site que é “.com.br”, quem faz o gerenciamento do domínio é a Nic.br, e se um juiz mandar um ofício lá, eles tem que tirar do ar, eles tem a obrigação de cumprir uma sentença judicial. Isso eu estou falando em qualquer lugar do mundo, lá nos EUA não é diferente, se a justiça americana mandar a Digital Ocean derrubar o meu site, vai ter que fazer isso. Então a Web 3 nasce nesse conceito de descentralização, imagine a gente poder contratar serviços e pagar com criptomoeda, de forma anônima, onde a gente vai subir o nosso site, aplicação, ou o que quer que seja, a gente não sabe onde isso está armazenado, porque a blockchain e as tecnologias que forem criadas em cima disso vão abstrair onde é que está essa informação, qual país ou qual máquina está servindo essa informação. Já existem projetos para armazenamento de arquivos de forma descentralizada, igual o IPFS faz, você sobe um arquivo qualquer e ninguém mais pode apagar aquela informação, porque essa informação é picotada em milhões de partes e espalhadas em computadores do mundo inteiro, e isso vai acontecer com os sites, isso vai acontecer com vídeos, isso vai acontecer com diversos outros serviços na internet, pode não ser agora, pode demorar 10, 20 anos, mas vai chegar um momento que o próximo passo evolucionário da internet é nós termos serviços descentralizados de domínio, de sites, de hospedagens, de cloud servers e por aí vai. Isso é o que popularmente está sendo chamado Web3.0.

E aí a gente vai chegar ao ponto que eu acho mais importante dessa história, falando de serviços Web3, qual você achar que vai ser a moeda pra pagar por esses serviços Web3? Seja bem honesto, se nós estamos falando de serviços descentralizados para poder tirar do Estado o poder, não vai ser com moeda fiduciária que nós vamos pagar por esses serviços, jamais! Jamais! É contra-senso isso aí. Então as criptomoedas vão ser as moedas para esses tipos de serviço no futuro. Então vamos fazer um raciocínio, vamos dizer que em 2040, nós, como programadores, vamos fazer um site “.algumacoisa”, e não vai ser mais um órgão ou uma entidade estatal que vai controlar esse domínio e esse IP, e que, de forma distribuída, nós vamos poder contratar esse domínio, nós vamos poder contratar esse DNS, nós vamos contratar esse armazenamento, ou até mesmo máquinas virtuais para processamentos individuais, ou colocar aplicações inteiras dentro de uma blockchain com custos menores, e nenhum governo no mundo, nenhuma ação judicial no mundo vai conseguir tirar isso do ar, e a gente vai pagar esse serviço, obviamente, com cripto. Aí é onde eu acho que entra o tal do metaverso.

As Big Techs, FaceBook, Google, Microsoft, já entenderam esse movimento de descentralização, o próprio Elon Musk já viu isso, já captou essa mensagem há algum tempo, e ele vem brincando bastante com essa questão de compra e venda de Bitcoin, aceitar transações Bitcoin depois não aceitar mais, ele ainda está no limiar. Como o Elon Musk tem uma empresa, a SpaceX, para lançamento de foguetes, ele ainda tem uma necessidade de manter uma “diplomacia” com o governo americano, ele precisa dos incentivos e dos serviços que ele presta pra NASA, dos incentivos de fabricação que ele tem pra o Tesla, então ele fica num limiar ali, de briga ou não briga com o governo. O Biden não é muito favorável a criptoativos, mas o próprio governo americano está regulamentando, deixando os bancos aceitarem, para ainda ter certo controle. Lá nos EUA já está um pouco mais difundida essa cultura, já tem bancos 24h, ATM, pra poder sacar Bitcoin em dólar e tal. Mas ainda, quando você vê grandes influenciadores falando de cripto, você sente ainda que os governos têm certo problema com isso, quanto mais a criptomoeda é difundida, mais problema ela acaba gerando. O governo brasileiro mesmo está tentando criar regulamentações estatais e esse projeto de lei de regulamentação das criptomoedas no Brasil é uma piada enorme, eu fiz um post falando a minha opinião sobre a PL, e eu até passei pros meus advogados fazerem uma revisão, eles olharam e concordaram quando eu apontei que na PL fala que esse projeto não cabe a moedas internacionais, a moedas estrangeiras, e o Bitcoin é a moeda de El Salvador, então é uma moeda estrangeira. Os governos, as receitas federais, estão perdidos com relação aos criptoativos, eles não sabem como enquadrar aquilo de jeito nenhum e se não sabe como enquadrar a cripto em si, como enquadrar o que é a mineração, como enquadrar softwares descentralizados, como faz para obedecer ao Código de Defesa do Consumidor para serviços descentralizados? Eu vou ser muito claro com todo mundo que estiver lendo e que pensa que existe alguma forma de regulamentar esses tipos de atividade: vai chegar ao ponto, pode não ser agora, provavelmente não vai ser nos próximos 5 ou 10 anos, mas vai chegar o momento em que o governo não vai poder fazer nada. Nada! Nem com as criptomoedas, nem com os serviços derivados de Web3, simplesmente porque não vão saber nem quem é que eles vão processar.

Esses serviços Web3 normalmente são criados em código aberto, em equipes com milhares de pessoas, não tem CNPJ em nenhum lugar do mundo, não existe uma forma de identificar as pessoas, não existe uma forma de tirar o serviço do ar, porque são full nodes espalhados pelo mundo inteiro, milhares e milhares de full nodes, injetados dentro de blockchains que tem bilhões de pessoas transitando 24h por dia, 7 dias por semana. Sabe quando é que algum governo vai ter capacidade operacional para conseguir identificar esses tipos de serviço ou, quem sabe até, algum dia tirar do ar alguma coisa dessas? Provavelmente nunca. Sabe por quê? Enquanto num governo tem meia dúzia de cabeças pensantes, que sabem como isso funciona na prática, efetivamente, e entende o que é uma blockchain, na outra ponta tem milhões de desenvolvedores altamente capacitados, criando dispositivos para contornar qualquer regulamentação estatal, de qualquer país, que venha a acontecer. Então a probabilidade matemática do governo conseguir se sobrepor à tecnologia, é zero. O Estado pode tentar fazer o que quiser, a justiça pode tentar criar o processo que for, prender quem quer que seja, o movimento não vai parar. É impossível qualquer entidade, qualquer país, tentar parar esse movimento. Com a popularização desse termo, Web3, eu fico assim “caralho, está passando de baixo do nariz dos caras e ninguém está entendendo o que está acontecendo”. E, de fato, é uma coisa muito técnica, específica, os governos estão olhando de camarote essa brincadeira acontecendo e não têm a capacidade e a possibilidade de fazer nada. Vão tentar, vão chorar, vão criar leis, vão abrir processos, vão dar multas, e não vão resolver de nada. Não tem o que fazer, honestamente falando.

Podem considerar ou não a minha experiência na área de programação relevante para estar fazendo este tipo de comentário, mas eu estou falando fundamentado, é o feedback de uma pessoa que entende a fundo como funciona uma blockchain, como funciona o mercado cripto, da parte técnica e, até mesmo pra mim, que tenho anos e anos de experiência e já codei várias coisas dentro do ecossistema, é muito difícil de entender, imagine pros programadores do governo, que não têm porquê querer aprender a fundo sobre isso. Imagine a dificuldade que deve estar sendo pros analistas da receita federal entenderem como é que funciona esse sistema, que muda 24h por dia, pra tentar determinar algum tipo de regulamentação para esse mercado. Então quando a gente pensa na expansão da Web de forma descentralizada, imagine todos os serviços que você usa hoje, uma rede social descentralizada, que nenhum juiz, nenhum desembargador, nenhum ministro do supremo pode chegar lá e mandar cancelar a conta de ninguém, não pode mandar apagar um post, eu vou ser muito sincero, isso está muito próximo. Quando o Elon Musk quis comprar o Twitter, sabendo da proximidade que ele tem com criptoativos, eu tendo a acreditar que a dele proposta seria algo nesse sentido, de pegar o Twitter, que já uma puta ferramenta de comunicação usada pelo mundo inteiro, e descentralizar ele. Imagina que louco, ninguém no mundo vai poder apagar o tweet, ninguém vai poder bater na porta dos caras e determinar o bloqueio da conta do Donald Trump, ou qualquer outro político, ou de qualquer outra pessoa no mundo, nenhum ministro do supremo vai poder emitir uma ordem de apagar fake news, não vai existir isso, porque simplesmente não vai existir pessoa na Terra com capacidade técnica para poder ir lá e apagar aquela informação, vai estar descentralizado, não vai fazer parte mais de um servidor único no mundo, não vai ser mais propriedade de uma instituição específica. Esses mecanismos foram desenvolvidos durante décadas para serem dessa forma, passou pelo código livre, depois processos distribuídos, descentralização, blockchain, até chegar nesse momento. Olha só que bonito esse negócio, foram décadas e décadas, milhares de programadores no mundo inteiro, super inteligentes, capacitados, para criar todo esse ecossistema de tecnologia pra gente chegar nesse momento. E o metaverso, que é o termo bonitinho que o FaceBook criou, é o que se pensa ser o ambiente virtual do futuro para aplicabilidade de todos esses serviços Web3. De que forma isso vai ser, se com óculos de realidade virtual ou não, pra mim não importa, mas eu acho que o metaverso seria esse grupo de serviços e produtos que vão ser derivados dessas tecnologias de descentralização, que vão ser 100% autônomos e independente de governos, que não vão sofrer interferências estatais de nenhuma forma, isso, pra mim, vai ser o metaverso. A interface pala qual nós vamos utilizar essas ferramentas, aí é muito questionável.

Mas é isso, acho que aqui eu consegui fazer um “resumo” que ficou até bem grande. Eu já falei no blog mais sobre metaverso, sobre retargeting, eu trabalhei com retargeting durante muitos anos e hoje eu estou entrando no mundo de Web3, também já falei aqui sobre o projeto que eu estou fazendo de reatividade para Web, que também entra nesse. Quando eu paro para fazer um projeto, ele tem um contexto histórico, um contexto de andamento que eu tenho visto durante muitos e muitos anos. Pra eu chegar à conclusão que algo vai caminhar para um determinado lado, tem que ter certa fundamentação. É até engraçado, que eu falo para alguns amigos meus que eu consigo ver 5, 10 anos pra frente de algumas coisas, quando o Flash estava pra morrer, eu falava pros meus amigos que o Flash ia morrer, e os caras falando que ele ainda tinha muito tempo de vida e tal. Então assim, essa é a minha previsão, podem me cobrar, se alguém estiver lendo esse post no futuro, vocês vão ver se o que eu estou falando aqui de fato se concretizou. Provavelmente eu também vou estar vivo para ver se tudo isso realmente aconteceu e eu fiz parte dessa construção de certa forma.

Vou deixar aqui alguns post onde falo de assuntos mais específicos relacionados à Web3:

O conteúdo deste post foi retirado do vídeo “Afinal, o que é a Web 3 – Parte 2”: