Hoje a gente vai falar de ESG, de BlackRock e da investigação que está rolando e vamos ver a hipocrisia que rola nesse universo.

Acredito que vocês devem ter ouvido falar desse termo, ESG [Environmental, social, and corporate governance ou Governança ambiental, social e corporativa], que são métricas de responsabilidade socioambiental. Esse padrão foi estipulado em 2014 numa reunião entre os CEOs de 50 das maiores empresas de investimentos do mundo e uma das pessoas que estava lá era o Larry Fink, CEO da BlackRock. Desde então, a BlackRock tem sido uma advogada ferrenha dos padrões ESG e tem feito muitos investimentos em empresas ESG, inclusive pressionando empresas americanas a se adequarem.

O Larry Fink todo ano publica uma carta aberta que é muito esperada pelo setor de investimentos no mundo inteiro e em uma dessas cartas ele falava justamente sobre as questões de ESG e investimentos conscientes. Ele fez aquele discurso bonito, colocando as empresas que tem o padrão ESG como principais modelos de investimentos e que a BlackRock iria priorizar investimentos nesse tipo de empresa. Na época se levantou uma série de questionamentos do por que da BlackRock estaria entrando nessa discussão e, ao mesmo tempo, fazendo uma série de investimentos em várias empresas desse segmento.

Mas nem tudo são flores… Eu estava dando uma olhada geral sobre a BlackRock e encontrei uma notícia do dia 16 de agosto, no New York Post, que é um grande jornal americano, que fala o seguinte: “A BlackRock está sendo investigada pela procuradoria geral de 19 estados americanos por investimentos em ESG”. Segundo um dos procuradores gerais que estão fazendo essa investigação, a BlackRock possuí investimentos no mundo inteiro, inclusive na China, que ignora e desrespeita totalmente os padrões de ESG e, mesmo assim, ela continua fazendo negócios com essas empresas de lá, ao mesmo tempo que fica pressionando as empresas americanas a seguirem os padrões de ESG, o que teoricamente aumenta custos de produção e causam inflação.

O que a gente tem visto recentemente, por exemplo, na Europa, que era onde estava mais difundida essa cultura de ESG, defendendo a emissão de carbono zero e querendo mudar a matriz energética, mas com a Rússia cortando o fornecimento de gás natural para aquecimento, simplesmente tendo que religar as usinas de carvão, porque, se não, os europeus vão morrer de frio no inverno, que está chegando. Eles praticamente mandaram o ESG pro espaço.

Se tratando de negócios, de dinheiro e de poder principalmente, a gente tem que estar sempre com o pé atrás, quando surgem essas modinhas, sempre vai ter um interesse por trás. O Larry Fink fazendo todo esse alvoroço no mercado com esse negócio de ESG é porque tem alguma coisa por trás. Por isso eles estão sendo investigados por procuradores gerais de 19 estados americanos com relação aos investimentos em ESG. O mundo não é só dinheiro, mais importante que o dinheiro é o poder e a BlackRock tem um grande poder. Ela é dona de várias empresas no mundo inteiro, ela tem um pode absurdo, ela tem posse e gerência 10 trilhões de dólares, é muito poder. A carta do Larry Fink é uma coisa que abala o ecossistema financeiro do mundo inteiro, então sempre a gente precisa estar de olho para ver o que tem por trás. Sempre tem um pouco de malícia e não dá para só simplesmente engolir essas histórias e achar que está tudo maravilhoso.

A notícia original [em inglês] pode ser lida aqui.

Vou deixar outros posts onde eu falo sobre a BlackRock:

O conteúdo deste post é baseado no vídeo “ESG e a Investigação Contra BlackRock”: