Hoje eu vou responder a pergunta de um amigo meu, que é: Como gravar vídeos para internet? Não que eu seja a pessoa mais experiente ou o melhor para responder, mas eu vou falar como eu faço e como eu vi alguns amigos meus fazendo também.
Começando do começo
Para quem não sabe, eu já fui sócio do Felipe Neto, atualmente sou sócio do Douglas Mesquita (Rato Borrachudo), já visitei o estúdio do Peter, do Ei Nerd, fora vários outros lugares que eu já fui e consegui ver um pouco da estrutura de gravação desses canais, e o que mais me surpreende é como cada um tem uma forma única de gravas. E esse é justamente o primeiro ponto: Não existe uma maneira certa para se gravar que vá atender 100% das pessoas. Vou fazer uma comparação: o Fábio Akita, por exemplo, faz um mega roteiro bacana, prepara esse roteiro dentro do teleprompter, que fica atrás da câmera dele, e vai lendo aquele texto e repetindo, caso ele cometa algum erro. Já no caso do Douglas é muito mais solto, ele pega um tema e vai dissertado, não tem um roteiro por trás, é um processo meio à la gameplay, meio live. Normalmente que faz live é mais solto, vai fazendo ali e deixando do jeito que der, e os cortes são pequenos, até pra não atrapalhar muito na continuidade. O Felipe, por outro lado, tem uma forma um pouco peculiar, meio diferente de fazer as coisas, ele vai seguindo pontos específicos que são importantes de ter dentro do vídeo, mas não é um roteiro seguido frase a frase. E aí, eu acho que cada um vai precisas procurar a forma que melhor combina com o seu perfil. Eu mesmo não gosto de roteirizar as coisas. Eu não tenho paciência para sentar escrever, até porque isso não é minha profissão. Eu comecei a gravas vídeos para distrair a cabeça, estava passando por um momento um pouco conturbado, estava tendo problemas em uma das minhas empresas, então eu resolvi gravar os vídeos.
Qualidade
Eu comprei o equipamento, inclusive quem me ajudou a selecionar tudo aqui foi o Douglas, meu setup é quase igual aos que ele usa pra gravas os vídeos do Rato Borrachudo, porque eu queria fazer uma parada de qualidade, uma parada legal. Eu nunca fui uma pessoa pública, de botar a cara na internet, mas se eu vou colocar, eu quero que seja numa coisa de qualidade. Eu não tinha um planejamento, eu comprei as coisas e comecei a gravar. Alguns problemas que eu tenho tentando contornar, por exemplo, eu falo muito “né” [a revisora concorda], toda hora é “né, né, né”, é totalmente diferente estar falando para uma câmera do que, por exemplo, dar uma aula ou entrevista. Eu já fui ao Flow Podcast junto com o Douglas, como entrevistado, e é diferente. Lá é uma conversa, você está olhando pro 3K, olhando pro Douglas e batendo um papo. A gente meio que esquece que tem câmeras ali à nossa volta. E é real mesmo, a gente esquece, hora ou outra você sabe que está sendo gravado porque tem uma luz super forte em cima de você. Aqui, no caso, eu tenho duas Key Lights que estão jogadas para a parede, que ficam super fortes, então isso já me dá muito mais atenção na hora de gravar. Outro problema que é difícil pra cacete, pra mim pelo menos, e eu precisamos melhorar, é conseguir olhar diretamente para a lente da câmera para a gravação ficar Ok. Eu tenho uma tela que fica em cima da câmera, então normalmente eu fico desviando a minha atenção, alternando entre o monitor e a lente, dá até para perceber pelo reflexo nos meus óculos. E isso é bem complicado, se eu ficar olhando para a tela, desvia a minha atenção, então eu preciso ficar olhando diretamente pra lente e é difícil, mas, com um pouco mais de experiência e com o tempo, se torna muito mais fácil saber para onde tem que olhar. E aí eu vejo onde é meu melhor enquadramento, eu tento ficar centralizado, isso tem que ir ajeitando. De vez em quando eu dou uma olhada pra baixo para ver o OBS, onde eu estou fazendo a gravação, eu tenho um stream deck para fazer o controle da câmera e da iluminação. O microfone eu deixo escondido fora do quadro, é um Shure, igual aos do Flow Podcast, eu tinha outro microfone antes, mas ele não captava bem o som mais ambiente.
Com o tempo, melhora
Eu não tenho uma fórmula, eu não sou a melhor pessoa pra poder falar sobre esse tema, mas eu acho que você tem que ir testando, não ter medo, não ter vergonha e experimentar até achar um formato que fique melhor pra o que você gosta, pra sua proposta, e aí cada um vai ter uma proposta diferente, até chegar num padrão de qualidade que você julgue ser aceitável. Eu, por exemplo, quero fazer algumas modificações no cenário, pra ficar mais bacana, com uns LEDs, só que eu ainda não tive paciência para fazer todas essas modificações, fazer um cenário de fato. Eu estou gravando no meu escritório, a câmera fica aqui e quando me dá vontade de gravar eu só aperto o play e gravo e é isso. Não tenho muito trabalho em relação a isso até porque isso não é o meu trabalho. Fazer vídeos para o canal está sendo uma forma de me distrair, passar um pouco do conhecimento, eu estou em uma fase em que eu quero passar conhecimento, quero falar um pouco das coisas que eu sei, que eu aprendi durantes esses últimos 15 anos trabalhando com TI, com blockchain, com programação, e por aí vai, e essa parte de vídeo é muito nova para mim. E aí, depois desse processo, uma coisa que eu faço de vez em quando nos meus vídeos, é o seguinte: quando eu preciso que tenha alguma imagem na edição, eu tenho duas pessoas que editam para mim, que são o Dani e o Alison, que eu sempre chamo “O Editor” quando eu peço a vinheta, eles que criaram a vinheta e fazem toda a parte de edição. Quando eu preciso fazer alguma parte de controle, isso eu aprendi com o Felipe, quando ele me mandava vídeos, ele falava comigo, mesmo eu não estando lá, são coisas tipo “corta aqui que não ficou bom”, então isso é uma prática que ajuda. Uma coisa que o pessoal da edição também me pediu é que, antes de começar o vídeo, eu dou um tempinho sem falar, pra eles conseguirem captar o som ambiente, pra poder tirar, caso tenha algum ruído. Então eu dou uma pausa inicial, depois eu começo a falar e, se eu errar alguma coisa, eu paro de falar, dou alguns segundo e falo pro editor que aquela parte ficou ruim, aí eu gravo de novo, em sequência, também para não perder o fio da meda, gravo de novo e de novo até ficar do jeito que eu quero, e aí, quando eu termino de falar, eu aviso que aquele pedaço ficou do jeito que eu quero. Se você for a pessoa que vai editar os seus próprios vídeos, talvez isso funcione para você também, falar consigo mesmo na gravação, marcar as partes que não ficaram legais, que têm que ser refeitas, ou as partes onde você quer os cortes, porque depois, quando você vai rever o vídeo, mesmo tendo acabado de gravar, é uma sensação diferente. Eu vejo todos os meus vídeos, tanto quando eu acabo de gravar, antes de mandar pra edição, pra ver se está faltando alguma coisa, se eu tenho que melhorar alguma coisa e, depois que esse vídeo volta da edição, eu vejo de novo antes de postar no YouTube.
Sem vergonha
O ponto é que não existe uma fórmula, é simplesmente não ter vergonha. É muito mais fácil fazer um vídeo em casa, sozinho, do que fazer uma entrevista, dar uma aula, ou dar uma palestra. Eu tive a facilidade porque eu dei aula durante muitos anos, já dei palestra, então eu já treino a minha oratória já tem muito tempo, às vezes eu sei que eu falo muito rápido, às vezes eu falo embolado, mas eu tento manter uma oratória coesa ao longo dos vídeos e eu treino isso, tentando tirar esse “né, né, né” o tempo todo, mas isso é uma questão de prática. Nos últimos vídeos eu tenho reduzido bastante as cacofonias também. Treinar oratória eu acho extremamente importante, falar as frases de forma mais coesa, parar, pensar, ter umas pausas mentais, pra deixar o ouvinte também respirar e continuar raciocinando. São várias técnicas, é uma questão de estudar, entender o formato que se adéqua ao que você está fazendo, e começar a fazer, não ter medo. Pare de ter medo. Eu acho que não existe vídeo ruim ou bom, eu acho que existem vídeos para vários públicos diferentes, às vezes você não tem uma puta estrutura igual eu tenho, mas você consegue passar muito bem a mensagem só com o seu celular, sem ter uma super iluminação, eu já vi vários casos desse estilo. Óbvio que, quando você está querendo fazer uma coisa mais profissional, tem que investir. Por exemplo, a câmera que eu uso aqui é a mesma câmera usada no Flow Podcast, o microfone que eu uso, também, a mesa é diferente, mas é uma mesa muito boa, que o Douglas usa, a estrutura que eu tenho aqui é profissional, que é usada por Podcasts grandes, não é uma coisa barata, mas eu queria fazer uma coisa de qualidade, não sei nem se está ficando tão de qualidade assim. Eu ainda quero mudar muita coisa, por causa do cenário, da disposição da câmera, talvez alterar a lente, enfim, mas essa é uma questão de gosto. Se você está vendo, pode achar que a qualidade está bacana, o áudio está bom, o vídeo está bom, mas é uma questão pessoal, ainda não está do jeito que eu quero. No futuro eu vou mexer nisso, vou melhorar, mas eu estou aprendendo nesse processo, eu nunca gravei vídeo na minha vida, é a primeira vez e, pra primeira vez, eu acho até que está bem bacana.
Saiba do que você está falando
Eu acho que, no final, eu estou até um pouco desconfortável de estar falando sobre esse assunto, porque eu não tenho um conhecimento tão grande assim. Uma coisa também, que eu acho que é uma dica final: se você for gravar vídeo, grave sobre temas que você tem domínio, porque quando a gente não tem muito domínio sobre um tema, acaba que fica um pouco desconfortável. Eu acho desconfortável porque eu não entendo nada de lente, não entendo nada de câmera, não entendo nada de microfone, tudo que eu comprei pra usar aqui foi por indicação de algum amigo, porque eles têm muito mais conhecimento que eu e poderiam estar dando dicas muito melhores do que eu tenho aqui.
Esse é um conteúdo bastante diferente, mas eu espero que ajude quem está querendo começar aí nesse caminho. No vídeo, que vai ficar linkado aqui em baixo, eu mostro um pouco melhor a minha estrutura de gravação e os equipamentos usados.