O tema de hoje é pesadíssimo: Será que nós estamos próximos de uma terceira guerra mundial? Vamos falar um pouco sobre os últimos acontecimentos, as tensões e tudo que está acontecendo no cenário macroeconômico e como isso pode nos afetar, mesmo estando aqui no Brasil. Eu vou traçar uma timeline com os pontos mais importantes e comentar tudo que vem acontecendo, até pra ter um contexto maior e poder ter um entendimento de como o mundo está se posicionando. Obviamente, eu não sou cientista político, historiador, nem nada do tipo, mas eu vou deixa a recomendação do canal do Professor HOC, que é um cara muito bacana, que entende pra caramba dos temas relacionados à Rússia e afins, e vou deixar também alguns vídeos que conversam sobre o assunto no final desse post.
Então, vamos lá…
Num passado próximo, que todo mundo lembra, era final de 2019 quando a gente teve os primeiros relatos com relação à Covid-19, em Wuhan, na China. Foi uma situação bem complicada, porque o médico que fez a denúncia morreu e a China ficava tentando desmentir, mantendo tudo em segredo e a gente só começou, de fato, a ter isso mais público quando o vírus começou a se espalhar pelo mundo inteiro. Pouco depois, no dia 23 de janeiro de 2020, a China decretou lockdown e assim permaneceu até o dia 08 de abril de 2020. O restante do mundo demorou mais tempo ainda para entrar em lockdown, para começar a deixar a galera em casa. Perceba, a China, de janeiro a abril, ficou fechada e qual foi o impacto que a gente teve em relação a esse fechamento? Para quem não sabe, o mundo inteiro depende das fábricas chinesas, então se eles estão em lockdown e nenhum navio entra ou sai da China, há uma escassez de produtos. É importante reparar que o maior problema que a gente teve com relação à falta de produtos foi a crise dos microcontroladores, mas o que acontece? O maior produtor de microcontroladores do mundo se chama TSMC e está na ilha de Taiwan. Quase 40% do que a TSMC produz vai para a China e, a partir daqueles componentes, são fabricados equipamentos mais robustos, como placas de vídeo, processadores, etc. Há muito tempo existe uma tensão entre China e Taiwan, porque a China considera Taiwan parte de seu território, assim como Hong Kong, enquanto Taiwan afirma que é um país independente. Existe uma tensão muito grande ali, que, até então, está controlada, parece que está tudo Ok. Mas o que a gente percebeu nesse cenário de lockdown de 2020 é que o mundo não sabia o quanto dependia da China, mas a gente depende muito. Fábricas pararam de funcionar, a gente teve problemas no mercado de produtos que dependem desses chips, como indústria de carros, indústria de linha branca, de computadores e por aí vai, e isso teve um impacto mundial. O mundo percebeu que precisa ter outras fábricas de microcontroladores fora de Taiwan e da China, fora dos Tigres Asiáticos. O problema é que, para montar uma fábrica dessas demora muito tempo, não basta ter o dinheiro, tem que ter a expertise, tem que estudar muito, então não é tão fácil assim quanto parece.
Ok, tivemos o lockdown, o preço dos componentes eletrônicos disparou, o preço dos carros disparou por causa disso, a gente teve fila de espera para carro novo, muitos fabricantes pararam de funcionar por falta de componentes, ou foram tirando componentes dos carros porque eles não estavam chegando mais nas fábricas, principalmente aqui no Brasil, nós tivemos várias empresas deixando o país nessa época. A pandemia se estendeu muito mais do que a gente esperava, no começo falava-se em 6 meses, foi pra 1 ano, e a gente ficou 2 anos, quase 2 anos e meio em casa, ou parcialmente em casa, até que a tivemos a vacina, mas essa história todo mundo já sabe.
Quando chegou no dia 24 de fevereiro de 2022, nós tivemos a Rússia invadindo a Ucrânia. Para quem não sabe muito de história, a Ucrânia fazia parte da União Soviética e ela teve sua independência declarada, depois de muita luta, quando a URSS foi dissolvida depois da 2ª Guerra Mundial. Mas a Ucrânia ainda é muito nova com relação a tomas suas próprias decisões, se não me engano o Zelensky, que é o presidente ucraniano, é o primeiro presidente eleito, é a primeira constituição. A Rússia, principalmente o Vladimir Putin, que é o presidente da Rússia, ainda tem esse resquício de URSS, ele “acha” que a Ucrânia ainda pertence à Rússia. Obviamente, a gente sabe que é muito mais do que isso, essa invasão é muito mais do que simplesmente achar que a Ucrânia pertence à Rússia, mas a Ucrânia é um país soberano, independente. No dia seguinte, o Conselho de Segurança da ONU, que foi criado depois da 2ª Guerra Mundial e do qual a Rússia faz parte junto com vários outros países, se reuniu para discutir qual seria sua posição. Como tem poder de voto, a Rússia foi lá e vetou qualquer tipo de ação do Conselho. Mas qual é a simbologia desse Conselho de Segurança que eu queria destacar? Tivemos, nessa votação, duas abstenções, dois países que não quiseram se meter no assunto, que foram China e Índia. Então, perceba o seguinte: A China já estava dando sinais claros que estava apoiando o Vladimir Putin, e que ela tinha muito interesse de que essa guerra acontecesse.
No meu ponto de vista, o Vladimir Putin iniciou uma guerra para ver até onde as Nações Unidas iriam agir num cenário desses, e foi o que aconteceu, a ONU não fez, diretamente, nada. Ela ficou olhando de longe, fornecendo suprimentos para Ucrânia e fazendo sanções. Só que a Rússia já tinha se preparado para essa brincadeira, tinha acumulado muito ouro, acumulado muitas reservas de tudo, as sanções já eram esperadas. Só que a Rússia tem um ponto muito específico que é que ela fornece gás natural para a maioria dos países europeus para aquecimento. O inverno europeu é muito frio, então precisa de aquecimento, e ainda, a Europa entrou numa onda louca de mudar a matriz energética, por causa da BlackRock e seus ESG, então eles desligaram vários tipos de fontes de energia para deixar fontes mais limpas, então a Europa depende do gás da Rússia para o aquecimento. O inverno europeu começa em dezembro e se ele for severo, como a Europa vai fazer para se aquecer? Até ambientalistas europeus têm falando em abrir mãos do ESG e das políticas de emissão de carbono e voltar a ligar as usinas de carvão, porque, se a Rússia desligar o gás natural no inverno, não só os países que estão ali na Europa estão ferrados, mas também a ONU e os EUA, que mandaram tropas pros países em volta da Ucrânia. Eu tinha um funcionário que morava na Bósnia e ele falou que estava cheio de tropas da ONU, mesmo que os jornais, principalmente os brasileiros, não estivessem noticiando. Outra preocupação é que existem vários outros pequenos conflitos na Europa, como é o caso da própria Bósnia, que tem um conflito interno étnico, que poderia estourar, seguindo exemplo do que aconteceu com a Rússia.
No dia 02 de março agora, nós tivemos a Assembléia Geral da ONU e a Rússia foi condenada pela maioria dos signatários, 141 votos, e começou a sofrer uma série de sanções. A Rússia começou a se contrapor a essas sanções, impondo condições mais severas para a comercialização do gás natural. A ONU afrouxou as sanções, porque eles dependem gás. A Rússia começou, então, a dar um monte de desculpas, falando que estava com problema nos encanamentos, que podia parar de fornecer e diminuíram o fornecimento de gás. Pra mim, isso daí é só um sinal de que vai dar merda em dezembro, galera que mora na Europa, já comece a se preparar, porque vocês estão fudidos: a Rússia com certeza vai desligar o fornecimento de gás natural e vocês vão pagar um absurdo pra poder se aquecer no inverno. O clima ainda é tenso, as tropas russas ainda estão na Ucrânia, mas as redes mundiais de televisão decidiram não cobrir mais essa história, tanto que se você entrar nos maiores portais aqui do Brasil, você não vai encontrar muita informação com relação à guerra, ela continua existindo, mas tem que ficar procurando no YouTube fontes de informação com relação a como está essa história.
Outro cenário possível, que vários analistas políticos vêm falando já há algum tempo, é a China invadir Taiwan que, pra mim, é o mais complicado. Aqui, vou adicionar mais uma coisa: a “gafe” do Biden, quando perguntaram a ele se, em caso de um ataque chinês a Taiwan, os Estados Unidos iriam defender Taiwan, ele falou que sim, depois a Casa Branca veio “desmentir”, mas isso gerou um clima de tensão da porra. Até o Japão se posicionou e disse que se invadirem Taiwan, ele vai defender, antes que ele seja o próximo. No estreito entre China e Taiwan têm alguns porta-aviões americanos posicionados, fazendo esse exercício de guerra, e aí está esse clima estilo “Guerra Fria”. Essa semana a Nancy Pelosi, que é a presidente da Câmara, representante dos EUA e, pelo que eu li, a terceira na linha de sucessão presidencial, decidiu fazer uma viagem “amistosa” por ali, visitando vários países, e um dos países que ela visitaria era Taiwan. Aí os chineses ficaram malucos: Como assim ela vai visitar Taiwan e não vai visitar Pequim? Se a diplomata está visitando PAÍSES, e a China considera Taiwan uma província sua, então ela “deveria” ir para Pequim e não para Taiwan. A China chegou a ameaçar de derrubar o avião da comitiva e a Rússia declarou apoio à China. Os EUA falaram que se houvesse tentativa de derrubar o avião, teria represália, até porque o porta-aviões já está posicionado lá, fazendo exercício de guerra. Hoje, se vocês acessarem qualquer portal de notícias, vão ver que o assunto do momento é a ida da Pelosi para Taiwan e a piora da crise entre EUA e China.
Assim, a gente está num cenário bem claro de polarização mundial. De um lado a gente tem a China, provavelmente Rússia, Coréia do Norte e Índia se posicionando num bloco, do outro lado, a ONU, Europa, EUA e, quem sabe Japão, então a gente está num cenário possível de guerra mundial. Se essas tensões se intensificarem, se acontecer uma invasão a Taiwan, se pipocarem mais conflitos ou até mesmo dependendo do resultado da guerra da Ucrânia, obviamente a gente vai ter impactos. Esse é um dos fatores pelo qual eu tenho falado muito sobre criptomoedas, porque, se a gente entre num cenário desses, por mais que pareça distante, elas podem ser uma alternativa mais viável. A gente tende a não querer se preocupar com esse tipo de coisa porque é muito improvável, mas é o mesmo nível de improbabilidade que tinha da Rússia invadir a Ucrânia, muita gente ficou falando que não ia acontecer, até que aconteceu. Eu acho que, se a gente for parar para raciocinar de forma lógica, a China só está esperando o inverno europeu, porque aí a Rússia vai desligar o fornecimento de gás natural, eles provavelmente vão esperar a noite mais fria que tiver do inverno europeu pra cortar esse gás e todo mundo vai sofrer, porque não vai dar tempo de conseguir outra solução. Se você está na Europa, a minha recomendação é que você procure formas de aquecimento que não dependam de gás natural russo, compre umas placas de vídeo, sei lá o que você vai fazer pra se aquecer no inverno, porque a chance de dar alguma merda é alta. E a gente não está falando somente dos países que estão em volta da Rússia, a gente está falando da Europa como um todo. E por que eu acredito que seria feito dessa forma? Porque seria quando a ONU estaria mais vulnerável. Muitas tropas da ONU estão posicionadas estrategicamente ali na Ucrânia, pra mover essas tropas para um conflito em Taiwan é extremamente complicado, a gente está falando de uma faixa territorial muito grande e Taiwan é praticamente uma briga numa ilha, até para levar as tropas para lá é complicado, seria mais um deslocamento marítimo, porta-aviões, e a gente tem vários problemas nessa logística.
Por fim, eu queria destacar uma coisa que pode parecer besteira, mas achei super relevante, que é a Nova Rota da Seda chinesa. A China criou um mapa de planejamento com relação à movimentação de mercadorias pelo mundo, e essa rota envolve, obviamente, parte da Europa. A gente precisa ter uma noção que talvez esse seja o posicionamento que a China começa a tomar, porque, vamos parar pra pensar o seguinte, essa Nova Rota da Seda envolve uma parte da Europa que se conecta à Rússia. A gente tem uma parte que passa pela Turquia, pelo Irã, uma parte que vai, por mar, até Singapura, Vietnã, Indonésia e, obviamente, Taiwan e vai parar na Índia. Isso corrobora bastante desse posicionamento de Índia e Rússia, porque essa Nova Rota da Seda que a China está propondo faz muito sentido se parte da Europa estiver em controle deles, por vários motivos. E, também uma parte do mar que está no estreito onde está Taiwan, e o mar abaixo da Índia. Então, quem der uma olhada na Nova Rota da Seda vai ver como está esse posicionamento e como faz sentido a Rússia e a Índia estarem do lado da China.
Tudo isso é só uma especulação bem grande minha sobre tudo isso que está acontecendo, eu não tenho estudo aprofundado nesse tema, eu sou um entusiasta que vê o que está acontecendo no mundo. Eu gosto de entender o cenário macroeconômico do mundo para conseguir me posicionar de forma um pouco mais assertiva nos meus investimentos ou na minha vida até, e esse cenário tem me preocupado bastante. Quem me conhece, sabe que é uma coisa que eu tenho falado com certa frequência, essas tensões estão bem preocupantes, e, se tem uma instabilidade desse tamanho dentro de uma economia mundial, a gente não consegue prever nada, o cenário fica altamente imprevisível para tudo. Talvez por isso os investidores mundiais preferiram se recolher à renda fixa em vez de fazer investimento de risco em qualquer cenário que seja, porque é um cenário de imprevisibilidade, e precisa ter liquidez para pode passar por cenários atípicos desse. Se estourar uma guerra, obviamente a gente não vai ter muito pra onde correr, por isso eu vou deixar a dica aí: Entenda sobre criptoativos, porque, se esse cenário acontecer, vai ser uma das poucas alternativas que nós vamos ter mais estáveis do que a moeda FIAT, porque o dólar, que é a moeda que controla o mundo, vai estar em guerra, uma guerra contra Rússia e China. Imagine o nível, a proporção desse problema é muito maior do que tudo que a gente já teve antes na história da humanidade, extremamente complicado, e, mesmo que não seja uma luta armada direta, com bomba atômica e os caramba a 4, ainda vai continuar um clima de tensão muito absurdo a ponto de, talvez, a China realmente invadir Taiwan e parar de fornecer produto para o mundo inteiro e ferrar com a Europa. A gente está falando de coisas muito sérias, que envolvem milhões de pessoas, inclusive milhões de refugiados ucranianos que estão nos países em volta, milhares de tropas da ONU que estão ali, é super sério. Essa também é a conclusão que boa parte dos analistas políticos têm falado na internet, professor HOC tem falado muito sobre isso, o Fernando Ulrich também. Procure o conteúdo deles, se informem, entendam o que está acontecendo no mundo, porque nós fazemos parte dele, querendo ou não, e nós também vamos sofrer com as consequências dessas guerras que estão acontecendo. Nós já estamos sofrendo o impacto da guerra da Ucrânia, e vamos sofrer muito mais se começar uma guerra entre China e EUA por causa de Taiwan.
Não queria estar falando sobre esse tema, eu esperei bastante o clima se estressar e parece que se estressou bastante com a ida da Pelosi para Taiwan. Nos próximos dias a gente vai ter aí possíveis retaliações chinesas com relação a essa ida. Vamos esperar para ver o que vai acontecer.
O conteúdo deste post foi retirado do vídeo “Vamos para a Terceira Guerra Mundial?”:
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