Hoje vou fazer um post um pouco diferente do que eu tenho feito normalmente, vou contar um pouco sobre a minha trajetória e também falar um pouco do momento que eu estou passando. Às vezes as pessoas passam por situações parecidas, mas tem um pouco de miopia, uma dificuldade de enxergar. Bom, vamos lá…

Faz uns 5 anos, eu passei por um dos períodos mais complicados da minha vida. Um pouco antes disso, em 2015, foi quando eu comecei a empreender de fato: peguei todas as economias na época, que nem eram minhas, eram da minha mãe, e resolvi abrir um negócio. Eu abri um Pub em Vila Velha, cidade próxima de onde eu morava na época, e eu fali esse bar. Fiquei com uma dívida enorme, de mais de 200 mil Reais, e esse período de mais ou menos um ano, de 2015 a 2016, acho que foi o pior momento da minha vida. Eu não tinha dinheiro para nada, eu não conseguia fazer nada, entrei num ciclo de ansiedade absurdo, tomei remédio para dormir, minha mãe tomava Rivotril e eu pegava da bolsa dela. Naquele momento, acho que o que me salvou daquela história toda foi que eu nunca desisti de querer chegar onde eu sabia que poderia chegar.

Eu fui trabalhando e as coisas foram acontecendo aos poucos. O caminho é muito tortuoso, é demorado, as coisas nunca acontecem na hora que a gente quer, mas foram acontecendo aos poucos, até que eu comecei a ganhar um pouquinho de dinheiro, a conhecer pessoas, e comecei a me reerguer. Eu demorei mais uns 3 anos depois desse período para conseguir pagar todas as dívidas que eu tinha. Eu tinha a impressão equivocada que quando desse certo, e aí o “dar certo” é muito relativo, mas na minha cabeça era assim, quando eu tivesse um dinheiro bacana guardado, esse sentimento nunca voltaria. Depois de quase 5 anos batalhando para caramba, virando madrugadas, tomando muito Red Bull e tendo muito trabalho, eu acabei conseguindo vender a minha empresa por uma grande quantia. Foi uma comemoração, uma euforia, era um tipo de situação que eu nunca tinha passado na minha vida, ter tanto dinheiro na minha conta.

Naquele momento eu comecei a pensar nas coisas que eu iria fazer no futuro, investimentos e tudo mais, e comecei a entrar em outra situação que eu nunca tinha passado na minha vida, eu nunca fui investidor, eu não tenho nenhuma formação em economia, nem nunca tinha feito um trade em bolsa, eu fui aprendendo a fazer as coisas aos poucos, investindo em empresas. Eu também abri um estúdio de games junto com meu sócio, Douglas Mesquita, o Rato Borrachudo, a Uzmi Games. Investi muito na empresa, mas no começo do ano aconteceu uma série de problemas: O investidor que a gente tinha pro estúdio acabou falecendo, teve um problema interno com a equipe, os investimentos que eu tinha deito em criptomoedas desabaram, e eu comecei a sentir muita ansiedade por causa disso. A memória daquele período de 2017, de tudo que aconteceu, voltou à tona.

Eu fui procurar entender isso mais a fundo, por que é que eu estava sentindo essa ansiedade. Falei com vários amigos que tiveram uma trajetória parecida com a minha, que construíram empresas do zero e conseguiram ganhar dinheiro. Obviamente cada um tem uma visão diferente, alguns focaram mais em falar para eu cuidar da saúde, da alimentação, ficar com a minha filha, espairecer a cabeça. Outras pessoas falaram para eu focar num projeto específico. Mas eu já estou focando nos projetos que eu estou fazendo, eu tenho trabalhado todos os dias, de domingo a domingo, não tenho feriado, eu viro madrugada e, mesmo assim, bate uma ansiedade, uma sensação de retrocesso.

Muitas pessoas agora vão se identificar com o que eu estou falando, porque também estão com esse sentimento, em talvez em proporções diferentes, que eu tenho sentido, mas a conclusão que eu cheguei toda é que nunca vai ser igual ao que era antes, a gente vai evoluindo, vai passando por momentos nas nossas vidas e vai adquirindo experiência. A gente vai melhorando, a gente nunca vai voltar ao que era antes, mas sempre bate essa sensação de que você não é tão bom quanto pensava que era. Acho que a forma de reverter isso não é com remédios ou com bebida, eu acho que tem que focar no que a gente sabe fazer de melhor e acreditar que sabe fazer. Inclusive eu estava conversando com o Douglas justamente sobre isso, que a gente tem que confiar no que está fazendo e não desistir, não pode desistir, o caminho é tortuoso pra caramba e é uma superação contínua, o tempo todo a gente tem que estar se reinventando, criando coisas novas.

Por incrível que pareça, quando você vende uma empresa, como foi o meu caso, e coloca o dinheiro no bolso, você fica sem um norte. Chega um momento que você pensa assim “porra, construí uma coisa durante anos, trabalhando duro, e agora, faço o que?” E aí você vai tentando uma coisa, dá errado e você começa outra, e por aí vai. Eu acho importante ter essa vontade de querer fazer as coisas e também esse sentimento de humanidade, de saber que a gente não é um deus, que a gente erra, a vida é um ciclo de altos e baixos. Tem momentos da nossa vida que a gente está bem pra caramba e momentos que está super mal, às vezes a gente tem dinheiro e continua mal e não sabe por qual razão. Eu sempre procuro saber qual é a razão de estar desse jeito, para conseguir não ficar imóvel, porque a insegurança e o medo são paralisantes.

Obviamente eu penso na minha família também, minha mãe, minha filha, pessoas que dependem de mim. E todo mundo que tem essa responsabilidade de outras pessoas dependendo de si, do seu esforço, principalmente quando você é mais condicionado psicologicamente para isso, acaba se sobrecarregando de responsabilidades, se sobrecarregando de ter que pensar em tudo que está acontecendo e como resolver. Às vezes parece que nunca vai haver uma solução, mas sempre há. A gente também tem que ter um pouco de humildade de pensar “cara, eu consigo fazer isso, eu realmente estou preparado para isso, ou eu preciso me aperfeiçoar, eu preciso melhorar?” E não é só se aperfeiçoar e melhorar tecnicamente, mas também como pessoa.

Hoje eu me acho muito mais tolerante, muito mais paciente do que eu era no passado, justamente por ter passado por essas etapas, ter conseguido entender que o mundo não vai girar ao meu redor e as coisas não vão acontecer na hora que eu quero. Isso é uma coisa que precisa estar dentro da gente: As coisas vão acontecer na hora que elas tiverem que acontecer e a gente tem que ser paciente. A gente não pode desistir, porque se eu desistir de mim mesmo, por que é que outras pessoas vão acreditar? Nós sempre temos que ser eternos apaixonados por aquilo que estamos fazendo, e quando a gente escolhe um caminho, tem que seguir aquele caminho dando o melhor de si, para conseguir tornar aquele projeto, aquela empresa, aquela ideia real, a ponto de outras pessoas começaram a olhar para aquilo e falar “ele estava certo”.

Isso é muito difícil, principalmente para mim, porque eu sou uma pessoa que gosta muito de criar coisas, e nem sempre as pessoas estão preparadas pro que eu estou querendo criar. Às vezes o mercado está acostumado a lidar de um jeito e eu quero mexer um pouco na estrutura de como as cosias estão caminhando, mas isso não é ruim, toda inovação precisa ser disruptiva, precisa mexer no mercado, então é natural que vá ter resistência, é natural que o mercado não vá se adaptar de imediato àquilo e você vai enfrentar barreiras para conseguir mostrar que aquilo é bom até as pessoas começarem a aderir e utilizar o que você está criando ou comprar o produto que você está vendendo.

O que eu quero deixar de mensagem é que você precisa se superar o tempo inteiro e não desistir, muita coisa vai acontecer até tudo dar certo e ter persistência é fundamental nesse processo. Se você não tem todas as características necessárias para empreender, procure uma forma de conseguir viver bem com isso, não quer dizer também que é ruim, você pode levar uma vida mais simples e não vai se martirizar por isso. E se você quer, de fato, empreender, ter a sua própria empresa e ser independente, você precisa se preparar, não só tecnicamente, mas emocionalmente para tudo que está por vir, porque não vai ser fácil, não vai ser uma trajetória tranquila, nunca é. Vai precisar de um nível de superação muito grande, vai precisar de um nível de dedicação muito grande, e se você tiver a fim de conseguir aguentar todo o processo, é certeza que, mais cedo ou mais tarde, vai conseguir chegar onde você quer. E aí é individual o caminho que vocês querem seguir e onde vocês querem chegar.

Não desista, siga o seu feeling, vá até o final, se emprenhe ao máximo, porque uma hora com certeza você vai chegar onde você está querendo.

Eu já contei em outros posts um pouco melhor a minha trajetória. Vou deixar aqui para quem tiver curiosidade:

O conteúdo deste post foi criado a partido do vídeo “Supere-se Pois a Subida é Tortuosa”: