Hoje eu vou falar sobre a bolha de alavancagem exacerbada das Startups que aconteceu nos últimos dez anos. Essa bolha está dando sinais de estar não é nem estourando, é explodindo, virou um coquetel Molotov isso.
Eu estava vendo um vídeo do Fábio Akita, que faz excelentes reflexões gerais, principalmente voltadas pra área de tecnologia, e desse vídeo eu decidi fazer dois posts, um falando sobre o modelo de marketing que vinha sendo usado e a mudança de paradigma para o modelo da recorrência, e esse aqui, falando sobre a bolha das Startups. Vou deixar o link do primeiro post aqui, que também é muito interessante:
Bom, se você não está nesse mercado de Startups ou não teve interesse nos últimos anos de entender o que é esse movimento, eu vou tentar explicar de uma forma sucinta o que vinha acontecendo nesses últimos anos. Mais ou menos em 2012/2013, eu entrei nesse mundo de aceleração de Startups, e aí eu comecei a entender um pouco mais o que estava acontecendo. Tinha um movimento muito grande nos EUA, concentrado principalmente em São Francisco, com esse nome, Startups, que era focado, principalmente no começo, em produtos escaláveis de tecnologia. O termo se popularizou muito, a ponto de se colocar esse título em empresas que nunca foram Startups, ou que já tinham passado da fase de Startup há muito tempo. Por definição, Startups normalmente eram empresas embrionárias, que estavam começando a crescer, que estavam entrando no mercado, que tinham modelos disruptivos, escaláveis, com baixo custo, com possibilidade de entrara em múltiplos mercados, e tudo mais. Prioritariamente, pra ser classificado como Startup naquela época, você precisava ter a possibilidade do custo se manter estável perante um crescimento exponencial da aplicação, por isso que, normalmente, Startups eram diretamente relacionadas a serviços tecnológicos. Mas o que a gente viu no mercado é que virou mais ou menos um título pra dizer “estamos inovando”, e se desvirtuou muito do original. O que é interessante de falar é que surgiu um mito do modelo de capitação de recursos das Startups. Desde aquela época, era muito padrão ver discursos dos fundadores de Startups com relação a fazer rodadas de investimentos, fazer crescimentos exponenciais baseados em investimentos, e aí se criou a cultura, de uma forma geral, de criar empresas alavancadas.
Mas o que é que eu estou querendo dizer com isso? Você tem basicamente dois modelos de desenvolvimento de uma empresa, embora existam outras variações, que são o bootstrap e a alavancagem. O modelo mais básico, o bootstrap, é quando um empresário, igual a mim, por exemplo, começa uma empresa com um aporte financeiro próprio ou de pequenos investidores, e a empresa cresce de uma forma sustentável. Então a gente gasta menos do que lucra e procura potencializar o lucro, mas não faz nenhum tipo de alavancagem no processo, não pega dinheiro em banco, não faz nada pra poder inflar esse processo, o processo acontece de forma orgânica. Normalmente é um processo mais demorado, no caso, por exemplo, do Vigia de Preço, foi um processo de 3 anos e meio, para sair do zero e se tornar uma empresa milionária. No processo do bootstratp é muito difícil você chegar a valer bilhões em pouquíssimo tempo.
Só que o sonho de toda Startup era virar o próximo unicórnio, porque as empresas de tecnologia têm esse poder de, em pouco tempo, se tornarem empresas milionárias. Mas o que acontece quando você trabalha em cima de alavancagem, quando você quer inflar os números para as próximas rodadas de investimento? Normalmente essas empresas não dão lucro, porque elas estão reinvestindo todo o dinheiro em aquisição, em compra de equipamentos, em contratação, pra conseguir, cada vez mais, inflar, inflar, inflar. Então é normal essas empresas terem centenas de funcionários, processos muito mal elaborados e uma falta de eficiência absurda, principalmente quando começa a entrar dinheiro de investidor. O que se viu foi um cenário onde pessoas que nunca tiveram contato diretamente com milhões, receberam investimentos de fundos de pensão, de VCs, e esses caras não tinham a mínima ideia de como fazer o gerenciamento financeiro ou como fazer uma organização de processos. Muitas das vezes você infla muito a sua folha de pagamento e bota muita gente no processo, sem ter processos muito bem definidos de gestão. Então é um conjunto de elementos que têm uma tendência de explodir em longo prazo.
Mas por que era feito esse movimento? Porque você precisava parecer uma empresa em crescimento pujante. E como é que você demonstra isso pro mercado? Você mostra números que te privilegiam. Por exemplo, comprando usuários pra cacete no Ads e colocando isso como uma KPI de resultado, e apresentando isso no pitch deck como “crescemos em 300% os leads”, mas ninguém fala quanto que essa aquisição custou, ou como que isso está aumentando progressivamente. “Ah, minha taxa de churn é de X%”, mas eu tive que repor os usuários que eu perdi… Tem uma série de questões que dão pra mascarar e, no final do processo, passar a impressão de ser uma empresa que está crescendo de forma exponencial, progressiva. Você aumenta a quantidade de funcionários simplesmente para inflar os números de colaboradores, sem a necessidade te tê-los de fato e sem ter processos pra gerenciar todos esses funcionários. Isso é muito comum, eu vi acontecendo em muitas empresas que conseguiram algum tipo de rodada de investimento. Empresários medíocres, que nunca estiveram à frente de negócios ou não têm experiência para administrar essa empresa quando ela cresce. Muitas vezes, quando uma empresa cresce a ponto de ter muitos funcionários, você precisa de gestores que já passaram por grandes empresas e que entendem de processos, porque gerenciar essa quantidade de pessoas não é simples. É muito diferente ter uma empresa com 5, 10 funcionários, e ter uma empresa com 300, a gestão muda completamente, a estratégia muda completamente. Você acaba ficando numa velocidade de cruzeiro mais engessada, é muita gente no meio do processo, é uma falta de linearidade na comunicação muito absurda. Eu, particularmente, prefiro empresas menores, mesmo que o faturamento dessas empresas sejam muito alto, mas empresas com poucas pessoas, até pelo ruído que acontece na comunicação de empresas grandes e na politicagem que acaba sendo necessária quando se está numa empresa que tem 400 funcionários. E eu já passei por essas experiências de trabalhar em empresas grandes e odiei, honestamente, não é pro meu perfil estar num tipo de empresa desse tipo.
Então você percebe que esse processo de alavancagem estava intrinsecamente relacionado ao modelo de Startups. São raríssimas as Startups que começaram em formato bootstrap e se mantiveram assim, e provavelmente são as poucas empresas de Startups que vão estar vivas nos próximos 10 anos, porque elas pensam em sustentabilidade de negócios desde o seu início. Isso não está diretamente relacionado com receber investimento, mas sim com o que você vai fazer com esse investimento. O que se percebe é que esse modelo de alavancagem funcionava muito bem, obrigado, até que o mercado mundial começou a sentir impactos, principalmente depois do Covid, e isso ficou muito evidente. O capital de risco, que antes aplicava bilhões e bilhões, principalmente de fundos de pensão, VCs, e fundos de investimentos, começou a recuar nesses tipos de investimento. Na teoria, pelo menos é assim que eu vejo, quando você chegava nos EUA ou na Europa, que as aplicações de renda fixa têm juros muito baixo, próximos a zero, ou no Japão, que tem juros negativos, é um negócio meio surreal, você inevitavelmente precisa entrar no mercado de risco e trabalhar com ações. Tanto que o mercado americano é muito forte em ações, mas porque lá, obviamente, as regulamentações funcionam, se você fizer pump and dump, dá cadeia, por exemplo. Aqui no Brasil a gente sabe que nada aqui funciona direito, as empresas da B3 aqui são relativamente cômicas com relação aos movimentos de oscilação e os bancos fazem uma orgia no mercado de ações tão grande que até desanima ficar acompanhando em longo prazo esse tipo de operação. E a CVM, que deveria ser o órgão que regulamenta toda essa questão simplesmente é um cargo político, indicado pelos próprios bancos que são os responsáveis pelas aberturas dos ativos, então, na prática, é o lobo cuidando das ovelhas.
Mas quando você tem a taxa de juros aumentando, e quem tem acompanhado o Tesouro Americano, o Federal Reserve, sabe que eles têm aumentado as taxas de juros consecutivamente no último ano, essas aplicações fixas começaram a ser uma possibilidade viável. E aí uma grande parte desses investidores, principalmente os que não são institucionais, que são investidores mais pontuais, tirou todas as aplicações que estavam em ambientes de risco, em ações, em cripto, e voltam pros mercados de papeis “seguros”, e aí aconteceu uma escassez de liquidez no mercado de uma forma geral. Foi isso que acabou acontecendo no final de 2021 e em 2022, a gente viu o impacto direto da falta de liquidez no mercado. Essas empresas que estavam trabalhando com alavancagem começaram a não conseguir pagar as contas, porque elas viviam basicamente de pagar as contas com o dinheiro dos investidores. Se não tem mais investidor, não tem como pagar a conta. Se não tem lucro efetivo, então você precisa começar a repensar a sua estratégia, senão você vai morrer, e a morte é muito rápida, porque o seu custo é muito elevado. Então normalmente essas empresas têm 3, 4 meses de cash flow e, se passar muito disso, o cara precisa fazer uma nova rodada de investimentos, uma captação ao mercado na bolsa ou por fundo privado, e quanto ele não consegue encontrar investidores que aportam grana, ele tenta pegar dinheiro no banco. Só que os bancos também não estão emprestando dinheiro com um juro muito razoável, e isso vira uma bola de neve. E a medida mais salutar pra não morrer de forma imediata, ou até mesmo por uma solicitação de possíveis investidores, é reduzir custos.
E como é que efetivamente você reduz custo de uma Startup que é só pessoas? Startups muito raramente, principalmente depois da pandemia, têm um custo efetivo de manutenção de escritório, o seu custo é basicamente cloud services, serviços digitais, e folha de pagamento. Esse é basicamente o seu custo, e você precisa reduzir curtos. Você pode renegociar, reduzir sua estrutura, e tudo mais, ou você demite a galera que não tem a mínima necessidade de estar na empresa. Só que, quando você começa a fazer uma análise da galera que não precisa estar na empresa, você começa a ver que é muita gente. Essas empresas estão fazendo demissão de 15%, 30% da folha de pagamento. E, sabendo como são essas empresas, se cortar 50%, 60% da folha, a empresa vai continuar rodando do mesmo jeito, às vezes até melhor, mais otimizada e com menos custos. Obviamente, esses cortes precisam ser feitos de forma gradual, principalmente em empresas de capital aberto, mas essa é a média que a gente tem visto em vários seguimentos. A gente viu cortes na Meta (Facebook), a gente viu cortes na Amazon, no Twitter, a gente viu cortes na Sales Force, aqui no Brasil, a VTEX, e várias outras. A última que eu vi falando sobre cortes foi a Wildlife, que também rodava nesse modelo. A Wildlife, pra quem não sabe, é um estúdio de games brasileiro bem grande, parece que eles tinham em torno de mil funcionários e cortaram 20% numa porrada só. E, eu vou falar, vai cortar mais, vai chegar a 50 ou 60%, porque não é sustentável uma empresa de desenvolvimento de jogos mobile que dependia diretamente da aquisição de usuários via Ads. Quando você junta todo o cenário macroeconômico, o aumento do CAC, as legislações de proteção de dados, as Big Techs tomando multa atrás de multa porque vazamento de dados pra terceiros, e tudo mais, você começa a ver que o círculo está se fechando e essas empresas que viviam nesse modelo tentem a desaparecer se não se reinventarem logo, porque só de vender “diamantes” dentro do jogo não se paga a conta quando você tem uma infraestrutura inchada, baseada em alavancagem.
Então, o que é que vai acontecer, na prática? Todas as Startups que estavam nesse modelo de alavancagem, procurando investidor, querendo abrir IPO, provavelmente vão morrer se não enxugarem bastante os custos e começar a operarem num modelo mais bootstrap. Eu sempre tive uma visão de construção de empresas bootstrap, eu nunca quis participar desses modelos de alavancagem, é um modelo muito arriscado, fora da média. O risco de montar um negócio já é muito grande, mas montar um negócio alavancado é 10x pior, porque você vive sempre na corda bamba, o dinheiro sempre vai acabar, e o risco da sua empresa falir da noite pro dia é muito alto. Então não se surpreenda se você vir empresas que eram consideradas unicórnios simplesmente fechando as suas operações em um piscar de olhos, porque o dinheiro acabou, demitindo todo mundo, isso vai ser comum nos próximos anos. E aí eu vou voltar no vídeo do Akita que foi o motivador de eu estar fazendo esse conteúdo, que fala justamente sobre qual é a percepção dele do que vai acontecer nos próximos anos, e ele fala sobre várias coisas que eu já tinha falado aqui. Por exemplo, se você é desenvolvedor, esse negócio de fazer segregação entre frontend e backend vai acabar. Se você é um programador medíocre, que fez um cursinho de 6 meses e conseguiu um emprego, você vai ficar desempregado. As empresas vão começar a selecionar profissionais de verdade para conseguir atuar, porque não tem mais margem de lucro pra ficar gastando em possíveis futuros “engenheiros” que vão estar sendo indiretamente formados dentro da empresa, principalmente porque é um retrocesso, no meu ponto de vista, pegar bons profissionais e botar como tech lead pra ficar gerenciando um monte de desenvolvedor junior, essa é a pior besteira que as empresas fazem. Não que não precise ter uma pessoa mais experiente acima, mas a pessoa não tem que servir como babá de quem não sabe fazer.
E, pra mim, o problema começa no RH. Os RHs das empresas são muito ruins. Normalmente que contrata dentro das minhas empresas sou eu, porque eu faço uma triagem, um pente fino. Eu também erro, mesmo com 15 anos de experiência em TI, às vezes eu contrato pessoas que são ruins, então imagina um setor de RH, que não tem o mínimo de conhecimento e capacitação para contratar um desenvolvedor, só vem porcaria. E eu já vi isso acontecendo diversas vezes em empresas grandes, de chegar o novo desenvolvedor de frontend React, e o cara não sabia fazer um “if“. Esse é o tipo de galera que precisa entender o seguinte: se você quer ficar na área de TI, mas você é uma pessoa medíocre, se você está na média, se você não é um cara excelente, não é nada de especial, você vai ter que sentar a bunda, estudar e aprender de fato o ofício de ser desenvolvedor, que não é uma tarefa fácil. Eu estou há mais 15 anos nessa brincadeira e todo dia eu estou estudando coisas novas, aprendendo outras tecnologias, aprendendo formas melhores de conseguir programar e, ao mesmo tempo, eu faço uma série de outras coisa junto. Eu estou aprendendo a mexer com leveling na Unity, eu estou fazendo curso pra aprimorar meu inglês, e por aí vai.E você tem que estar se complementando, criando soft skills. Eu quero fazer um vídeo uma hora dessas só falando de soft skills, porque eu acho extremamente importante pra galera que realmente quer ser profissionalizar entender que programar não é só escrever código, programar muitas minúcias além disso. Escrever código é a última etapa do processo, você precisa ter uma série de conhecimentos complementares pra se tornar um excelente desenvolvedor, inclusive até ter um pouco de veia empreendedora, no meu ponto de vista, pra passar a barreira de ser um simples técnico e se tornar um gestor, um diretor, no longo prazo.
Voltando ao core do que a gente estava falando, sobre a bolha das Startups. A bolha está dando sinais claros dessa explosão, e que vai acontecer com o mercado? O mercado vai dar uma limpeza geral em empresas que não têm condição nenhuma de estar operacionalizando no cenário hardcore que a gente está enfrentando e vai enfrentar nos próximos anos. É ilusão achar que a gente já passou pela turbulência que tinha que passar. Não! A gente está no começo da turbulência. A gente vai ficar nos próximos 5 anos pelo menos digerindo todos os impactos da impressão de moeda dos últimos anos, desse modelo de alavancagem absurdo que a gente vivenciou nos últimos 10 anos. E eu não acredito que o mercado de uma forma geral, e eu não estou falando só do mercado de tecnologia, eu estou falando de vários mercados que estão sendo impactados nessa onda, mercado de jogos, mercado de varejo, vão sofrer impactos definitivos que vão mudar a cara desses mercados pros próximos 10 anos. A recuperação vai ser lenta e gradual e, nesse momento, você vai ter que sentar, estudar, se aperfeiçoar pra se tornar um profissional melhor, senão você vai ficar desempregado, e aí é melhor você procurar outra coisa pra fazer, porque não vai ter mais vaga no mercado de uma forma geral, seja no marketing, no desenvolvimento, e tudo mais. Não é só uma mudança financeira no meio do processo, é uma mudança de cultura, é trabalhar a recorrência, é trabalhar a comunidade, é pensar melhor os projetos antes de iniciar, é filtrar melhor os profissionais que você está trazendo pra sua empresa, e ter critérios técnicos pra avaliação na contratação.
Uma coisa que eu fico puto com RH de empresa grande é querer contratar por pauta ideológica, porque gosta de um perfil comportamental específico, e negligenciar completamente as questões técnicas, a capacidade de desenvolvimento da pessoa, o conhecimento que aquela pessoa adquiriu pra estar exercendo determinado tipo de função. Todo mundo que foi contratado pra ocupar uma cadeira e não tem capacidade para estar operacionalizando aquela vaga, estará demitido nos próximos anos. Se você está na empresa cobrindo cota pra inflar a empresa, você está demitido, não tem mais espaço pra você de 2023 em diante. Acabou essa brincadeira, esse negócio de contratar por causa de ser homem ou ser mulher, se é branco ou se é preto, se é binário ou não binário, não importa mais isso daí. Isso, na verdade, nunca importou, porque a empresa precisa de pessoas que tenham a capacidade para operacionalizar determinadas áreas, e isso é indiferente dessas características. E quando você contrata baseado única e exclusivamente em uma característica específica e negligencia a capacidade de operacionalizar da vaga, você acaba criando uma série de problemas, porque às vezes você precisa ter 2, 3 profissionais, pra conseguir fazer uma função que seria feita por uma pessoa bem capacitada, mas você coloca mais pessoas sem necessidade, acaba inflando os números da empresa e os custos efetivos.
E, perceba, em nenhum momento eu estou falando que ter esse tipo de comportamento na hora da contratação não possa existir, pode existir, você pode priorizar, por exemplo, priorizar que uma vaga seja ocupada por uma mulher, não tem nenhum problema com relação a isso. Só que o ponto é, essa mulher tem a capacidade, tem os conhecimentos necessários para estar ocupando essa vaga? Se entre você faz a opção de colocar uma mulher que não está capacitada o suficiente, e não colocar qualquer outra pessoa pra ocupar a vaga que tenha mais conhecimento, que tenha mais capacidade, que provavelmente vai dar mais lucro pra empresa, que vai operacionalizar aquela função com melhor qualidade, vai precisa começar a fazer justamente esse filtro de capacidade, não de nenhum outro tipo de aspecto relacionado a contratação, que normalmente vinha acontecido nos RHs Brasil a fora. Vai acabar essas vagas de cumplicidade também, de uma amiga que indica a outra só porque tem afinidade ou porque tem uma cumplicidade. Vai precisar ser feito um filtro de verdade dentro dor RHs pra começar a contratar pessoas que são capazes de operacionalizar as vagas que estão querendo ocupar, porque, senão, as empresas não vão ter caixa pra conseguir segurar essa porrada dos próximos 5 anos. E se você é de RH de empresa, entenda o seguinte, a sua negligência em querer contratar pessoas mal capacitadas para essas vagas vai causar a sua demissão futura e, talvez, um prejuízo irreversível pra empresa. A sua empresa pode quebrar porque você contratou errado as pessoas que estão ocupando essas vagas. É seu papel como RH numa empresa com 300, 400 pessoas, contratar pessoas capazes, que vão contribuir, colaborar, para o todo. Se você não faz isso, você está entrouxando a empresa de um monte de gente inútil, que vai ter que ser demitida, e a empresa vai gastar rios de dinheiro com demissão, porque aqui no Brasil tem essa palhaçada quando você vai demitir e gasta 4x o salário da pessoa. Inclusive tem muita empresa que não demite funcionário porque não quer se desfazer de caixa pra pagar todos os tributos que a CLT exige. Você vai mantendo um funcionário merda pra não ter que gastar com a rescisão, e logo em seguida normalmente ele ainda te bota na justiça pra tentar tirar mais dinheiro da empresa que já está passando por problemas. E isso quando não tem advogado filho da puta que fica tentando juntar um grupo de funcionários pra tentar abrir ação coletiva. Então, em resumo, o Brasil é uma piada com relação a regras trabalhistas, e se você não entendeu isso, você é um idiota, não tem outra palavra.
É por isso que, no meu ponto de vista, aqui no Brasil, a gente tinha que ter o mesmo sistema trabalhista que tem em países desenvolvidos, como os EUA, que é de contrato de serviços. E, ok, se você tem uma opinião contrária, é problema seu, eu não tenho nada a ver com isso, mas eu não respeito a sua opinião, porque a sua opinião é idiota, honestamente falando. Comece a pensar um pouco, comece a repensar porque, se você não repensar, amigo, me desculpa, mas você está desempregado nos próximos 5 anos. As empresas não vão aguentar, o Brasil não está passando por um momento legal, não tem dinheiro circulando no mercado, está tudo preso em aplicações de renda fixa. E aí, o que é que você vai fazer? Ou a gente vai continuar com esse monte de penduricalho nas legislações trabalhistas, ou a gente vai começar a reformular essa brincadeira, e começar a fazer com que as empresas tenham como respirar, senão elas vão falir e vai todo mundo ser mandado embora. Ou as empresas vão começar a fazer, como muitas já tem feito, de abrir offshore fora do Brasil, pra contratar em um modelo de PJ ou qualquer coisa do tipo, pra fugir dessas tributações absurdas que tem aqui no Brasil. Diversos amigos meus fecharam a operação no Brasil, fecharam o CNPJ e abriram numa offshore lá nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar do mundo, porque é impossível trabalhar com a legislação brasileira, tanto tributária, quanto trabalhista, é um absurdo. E se você acha que é tudo maravilhoso, é porque você nunca se deu ao trabalho de pesquisar pra entender como é que isso funciona. O Brasil realmente é um lugar muito complicado pra se ter negócios, principalmente nesse modelo de alavancagem, de Startups. Você gasta tanto dinheiro com contabilidade e com jurídico pra conseguir prever todas as possibilidades possíveis de merda, que se torna até um custo relevante na sua empresa no final do processo.
Estou sendo muito alarmista com relação a tudo que está acontecendo? Não, só estou sendo realista. E aí, se você quer aceitar a realidade ou não, cada um escolhe no que quer acreditar. Eu não acredito que o cenário vai ser positivo nos próximos 5 anos, a gente vai ter uma série de problemas no mercado como um todo, o Brasil vai passar por uma fase muito nebulosa, e eu não estou falando em questão política, aqui eu estou falando em questão financeira, de empregos, de desenvolvimento. A gente vai ficar estagnado um bom tempo, são poucos os segmentos que vão ter uma boa trajetória nesse período, eu acho que talvez o agronegócio consiga se manter bem. A parte de tecnologia, serviços, varejo, vai ser diretamente impactada, o consumo já está impactado. Eu vou até reafirmar aqui, eu fiz 2 posts falando sobre a BlackFriday desse ano, e a minha previsão estava correta.Eu falei com vários amigos meus do setor de varejo, do setor de análise, e a BlackFriday desse ano foi 30% menor do que a do ano passado, e isso quer dizer que a minha previsão de ser a pior BlackFriday de todos os tempos estava correta. Essa BlackFriday foi uma piada, foi um fiasco, pra todos os varejistas brasileiros. São raríssimas as exceções de empresas que tiveram boas vendas nessa BlackFriday, e a gente vê que isso está impactando diretamente no consumo. A queda do consumo está visível, as pessoas estão priorizando a compra do básico de supermercado, pagar o aluguel, e deixando pra depois investimentos em equipamentos, em celular, televisão. E, assim, desculpe pelo banho de água fria se isso te impactou, mas essa é a realidade que a gente vai precisar conviver nos próximos 5 anos.
E eu vou ficando por aqui, mas antes vou deixar alguns post onde eu falo mais sobre esse tema linkados a baixo. Se estiver gostando do conteúdo, compartilhe com seus amigos, me siga no Twitter , e a gente se vê numa próxima. Valeu!
Este post foi criado com base no conteúdo do vídeo “A Bolha das Alavancagens de Startup Explodiu”: